Caneta e Papel

Carta de um Prisioneiro

Carta de um Prisioneiro
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Cedidas

Hoje;

Certamente hoje;

Ai, hoje se a memória não me foge;

O calendário marca dia 42 de quizembro

De dois mil e qualquer coisa;

E eu ainda estou aqui;

bem aqui, longe da minha esposa;

Desligado dos fatos inerentes;

E de todos os trajetos quentes ;

Eu lambo esses lábios nos e castos

Obesos de saudades embrulhadas em trouxas ;

E eu me pergunto como está a Sofia nossa filha?  Será que ainda funciona o nosso rádio a pilha ?

Que tocava os nossos mwimbos

Durante as nossas noites de amor ?!

Saiba que eu fui condenado a 20 anos de prisão;

e eu sou espero que não me esqueças então ;

Que guardes os teus beijos carícias e amassos somente para mim ;

Pois eu jamais pensei que o nosso destino seria assim ;

Diga a nossa filha que hei-de-voltar ;

embora com cabelos brancos sem contar ;

E que a vida que eu pensei em levar não pensa ela em comprar;

Nem que seja por meia tigela;

E quanto a ti Fatita !

Quando sentir saudades minhas

Não te apoquentes, amor;

Não lacrimeges, amor ;

Nem chores;

Simplesmente lembra as nossas noites de amor

A luz de um candeeiro a gasóleo;

O quarto todo coberto de fumo

Depois d'um jantar romântico

De funge de bombó preto ;

Com cabuenhas assadas nas lenhas

E molho de tomate cassia;

Por hoje é tudo

Se puder amanhã te escrevo mais

Assinado por baixo,

Sou eu o teu marido ;

Santos dos Santos, o prisioneiro

6galeria

Santos dos Santos

Poeta

Hoje;

Certamente hoje;

Ai, hoje se a memória não me foge;

O calendário marca dia 42 de quizembro

De dois mil e qualquer coisa;

E eu ainda estou aqui;

bem aqui, longe da minha esposa;

Desligado dos fatos inerentes;

E de todos os trajetos quentes ;

Eu lambo esses lábios nos e castos

Obesos de saudades embrulhadas em trouxas ;

E eu me pergunto como está a Sofia nossa filha?  Será que ainda funciona o nosso rádio a pilha ?

Que tocava os nossos mwimbos

Durante as nossas noites de amor ?!

Saiba que eu fui condenado a 20 anos de prisão;

e eu sou espero que não me esqueças então ;

Que guardes os teus beijos carícias e amassos somente para mim ;

Pois eu jamais pensei que o nosso destino seria assim ;

Diga a nossa filha que hei-de-voltar ;

embora com cabelos brancos sem contar ;

E que a vida que eu pensei em levar não pensa ela em comprar;

Nem que seja por meia tigela;

E quanto a ti Fatita !

Quando sentir saudades minhas

Não te apoquentes, amor;

Não lacrimeges, amor ;

Nem chores;

Simplesmente lembra as nossas noites de amor

A luz de um candeeiro a gasóleo;

O quarto todo coberto de fumo

Depois d'um jantar romântico

De funge de bombó preto ;

Com cabuenhas assadas nas lenhas

E molho de tomate cassia;

Por hoje é tudo

Se puder amanhã te escrevo mais

Assinado por baixo,

Sou eu o teu marido ;

Santos dos Santos, o prisioneiro

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