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Fórum de CEOs da África 2025 destaca Energia Nuclear, Inteligência Artificial e Infra-estruturas como motores estratégicos do futuro do continente

Fórum de CEOs da África 2025 destaca Energia Nuclear, Inteligência Artificial e Infra-estruturas como motores estratégicos do futuro do continente
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Realizado em Abidjan, o evento reuniu mais de 2.800 líderes e seis chefes de Estado africanos, estabelecendo directrizes ambiciosas para o desenvolvimento energético, tecnológico e industrial da África.

A cidade de Abidjan, na Costa do Marfim, foi palco da 12.ª edição do Fórum de CEOs da África entre os dias 12 e 13 de Maio de 2025, reunindo mais de 2.800 participantes, entre líderes empresariais, políticos e representantes de instituições internacionais. Com foco em “Navegar pela Energia, Inteligência Artificial e Infra-estruturas para o Futuro da África”, o encontro consolidou-se como um dos mais influentes da agenda africana de desenvolvimento económico.

A energia nuclear destacou-se como tema central no debate energético. Loyiso Tyabashe, CEO da Corporação de Energia Nuclear da África do Sul (Necsa), apresentou a energia nuclear como o pilar essencial para a industrialização africana. “A energia nuclear fornece energia de base essencial para a industrialização”, afirmou durante um painel dedicado à transição energética.

Segundo Tyabashe, as duas unidades nucleares da África do Sul, situadas na Cidade do Cabo, já figuram entre as fontes de electricidade mais baratas do país, reforçando assim a viabilidade económica da tecnologia. Sublinhou ainda o papel do nuclear na mitigação das emissões de carbono e garantiu que a Necsa mantém registos completos dos resíduos radioactivos desde 1965. “Podemos contabilizar todos os resíduos que produzimos”, declarou.

O executivo referiu também o potencial dos Pequenos Reatores Modulares (SMRs) como solução adaptável às necessidades dos países africanos com redes eléctricas limitadas. “Não existe uma solução única; precisamos de adequar a tecnologia à estabilidade da rede de cada país”, explicou.

A Necsa planeia avançar na produção de combustível a partir de urânio bruto — um recurso amplamente disponível no continente — e desenvolver aplicações médicas e energéticas com reactores de pesquisa, consolidando a África como produtora de inovação nuclear.

Uma pesquisa conduzida durante o fórum revelou que 73% dos participantes consideram a energia nuclear uma solução viável para suprir a crescente procura energética da África.

Inteligência Artificial: A hora de moldar as regras do jogo

O avanço da Inteligência Artificial (IA) na África também recebeu atenção de destaque, especialmente no que respeita à criação de quadros regulatórios próprios e ao respeito pela diversidade linguística e cultural do continente.

Franck Kié, fundador do Cyber Africa Forum, enfatizou que países como o Benim e o Ruanda já deram passos significativos ao adoptarem estratégias nacionais de IA. “A União Africana iniciou uma abordagem continental em 2024, o que é fundamental para garantir soberania digital”, pontuou.

Para Catherine Muraga, directora do Microsoft Africa Development Center, a inclusão digital começa na língua: “Estamos a desenvolver ferramentas em suaíli, amárico e iorubá. A África tem quase 2.000 idiomas. Não podemos repetir os erros do passado digitalizando em apenas uma língua”, declarou.

Infra-estruturas: a base do desenvolvimento industrial africano

O debate sobre infra-estruturas reafirmou a sua centralidade na agenda de industrialização do continente. Questões logísticas, acesso à energia e conectividade foram apontadas como desafios críticos.

Mohammed Diop, vice-presidente executivo da AGL para a África, destacou que entre 30% e 40% da produção agrícola africana se perde ainda nas fazendas por falta de estrutura. “Estamos a construir armazéns especializados próximos das zonas agrícolas para minimizar perdas e acelerar a logística”, explicou.

A AGL anunciou um investimento anual de 600 milhões de euros em projectos no continente. A Schneider Electric, por sua vez, celebrou acordos com a 3MD Energy e a SmartEnergy para desenvolver soluções locais de electrificação industrial que combinam produção descentralizada e digitalização, contribuindo para o crescimento sustentável e a geração de empregos.

Estas iniciativas estão alinhadas com os objectivos da Área de Livre Comércio Continental Africana (AfCFTA), que visa aumentar o comércio intra-africano e fortalecer as cadeias de valor regionais.

Rumo a um novo capítulo africano

O Fórum de CEOs da África 2025 reforçou o papel estratégico da colaboração público-privada e da inovação como motores de transformação. Para que as ambições discutidas se tornem realidade, será essencial fortalecer os marcos regulatórios, atrair investimentos e garantir que as soluções desenvolvidas respeitem as especificidades culturais e estruturais do continente.

Num continente que abriga mais de 1,5 mil milhões de pessoas e detém vastos recursos naturais e humanos, a energia nuclear, a inteligência artificial e as infra-estruturas não são apenas sectores: são alicerces para o futuro do continente africano.

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Veloso de Almeida

Repórter

Veloso estudou Comunicação Social no Instituto Superior Técnico de Angola (ISTA) e estagia como jornalista no portal ONgoma News.

Realizado em Abidjan, o evento reuniu mais de 2.800 líderes e seis chefes de Estado africanos, estabelecendo directrizes ambiciosas para o desenvolvimento energético, tecnológico e industrial da África.

A cidade de Abidjan, na Costa do Marfim, foi palco da 12.ª edição do Fórum de CEOs da África entre os dias 12 e 13 de Maio de 2025, reunindo mais de 2.800 participantes, entre líderes empresariais, políticos e representantes de instituições internacionais. Com foco em “Navegar pela Energia, Inteligência Artificial e Infra-estruturas para o Futuro da África”, o encontro consolidou-se como um dos mais influentes da agenda africana de desenvolvimento económico.

A energia nuclear destacou-se como tema central no debate energético. Loyiso Tyabashe, CEO da Corporação de Energia Nuclear da África do Sul (Necsa), apresentou a energia nuclear como o pilar essencial para a industrialização africana. “A energia nuclear fornece energia de base essencial para a industrialização”, afirmou durante um painel dedicado à transição energética.

Segundo Tyabashe, as duas unidades nucleares da África do Sul, situadas na Cidade do Cabo, já figuram entre as fontes de electricidade mais baratas do país, reforçando assim a viabilidade económica da tecnologia. Sublinhou ainda o papel do nuclear na mitigação das emissões de carbono e garantiu que a Necsa mantém registos completos dos resíduos radioactivos desde 1965. “Podemos contabilizar todos os resíduos que produzimos”, declarou.

O executivo referiu também o potencial dos Pequenos Reatores Modulares (SMRs) como solução adaptável às necessidades dos países africanos com redes eléctricas limitadas. “Não existe uma solução única; precisamos de adequar a tecnologia à estabilidade da rede de cada país”, explicou.

A Necsa planeia avançar na produção de combustível a partir de urânio bruto — um recurso amplamente disponível no continente — e desenvolver aplicações médicas e energéticas com reactores de pesquisa, consolidando a África como produtora de inovação nuclear.

Uma pesquisa conduzida durante o fórum revelou que 73% dos participantes consideram a energia nuclear uma solução viável para suprir a crescente procura energética da África.

Inteligência Artificial: A hora de moldar as regras do jogo

O avanço da Inteligência Artificial (IA) na África também recebeu atenção de destaque, especialmente no que respeita à criação de quadros regulatórios próprios e ao respeito pela diversidade linguística e cultural do continente.

Franck Kié, fundador do Cyber Africa Forum, enfatizou que países como o Benim e o Ruanda já deram passos significativos ao adoptarem estratégias nacionais de IA. “A União Africana iniciou uma abordagem continental em 2024, o que é fundamental para garantir soberania digital”, pontuou.

Para Catherine Muraga, directora do Microsoft Africa Development Center, a inclusão digital começa na língua: “Estamos a desenvolver ferramentas em suaíli, amárico e iorubá. A África tem quase 2.000 idiomas. Não podemos repetir os erros do passado digitalizando em apenas uma língua”, declarou.

Infra-estruturas: a base do desenvolvimento industrial africano

O debate sobre infra-estruturas reafirmou a sua centralidade na agenda de industrialização do continente. Questões logísticas, acesso à energia e conectividade foram apontadas como desafios críticos.

Mohammed Diop, vice-presidente executivo da AGL para a África, destacou que entre 30% e 40% da produção agrícola africana se perde ainda nas fazendas por falta de estrutura. “Estamos a construir armazéns especializados próximos das zonas agrícolas para minimizar perdas e acelerar a logística”, explicou.

A AGL anunciou um investimento anual de 600 milhões de euros em projectos no continente. A Schneider Electric, por sua vez, celebrou acordos com a 3MD Energy e a SmartEnergy para desenvolver soluções locais de electrificação industrial que combinam produção descentralizada e digitalização, contribuindo para o crescimento sustentável e a geração de empregos.

Estas iniciativas estão alinhadas com os objectivos da Área de Livre Comércio Continental Africana (AfCFTA), que visa aumentar o comércio intra-africano e fortalecer as cadeias de valor regionais.

Rumo a um novo capítulo africano

O Fórum de CEOs da África 2025 reforçou o papel estratégico da colaboração público-privada e da inovação como motores de transformação. Para que as ambições discutidas se tornem realidade, será essencial fortalecer os marcos regulatórios, atrair investimentos e garantir que as soluções desenvolvidas respeitem as especificidades culturais e estruturais do continente.

Num continente que abriga mais de 1,5 mil milhões de pessoas e detém vastos recursos naturais e humanos, a energia nuclear, a inteligência artificial e as infra-estruturas não são apenas sectores: são alicerces para o futuro do continente africano.

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