Biografia

Salif Keita: A voz dourada da música africana

Salif Keita: A voz dourada da música africana
Foto por:
vídeo por:
DR

Salif Keita nasceu a 25 de Agosto de 1949, na aldeia de Djoliba, no Mali, mas o seu destino nunca foi o de um homem comum. Carregava no corpo uma marca que, à luz das tradições mandingas, era sinal de exclusão: o albinismo. O que poderia ter sido uma sentença de silêncio tornou-se, com o tempo, a força bruta por detrás de uma das vozes mais luminosas do continente africano.

Filho da nobreza mandinga, descendente directo de Sundiata Keita, fundador do Império do Mali, Salif cresceu num ambiente onde cantar era considerado indigno para alguém do seu estatuto. Aos olhos da família, a música não era um caminho, mas um desvio. Para ele, porém, era a única rota possível. E assim partiu para Bamako, sozinho, em busca de um palco que ainda não sabia existir.

Foi nos anos 70 que o mundo começou a ouvir o jovem de voz intensa e quase espiritual. Primeiro nos Rail Band de Bamako, depois nos Les Ambassadeurs, onde o talento de Keita encontrou forma, força e futuro. A sua música misturava tradição mandinga, eletricidade moderna e uma melancolia que parecia vir de um lugar onde a alma se senta para respirar.

Em 1987, instalou-se em Paris e lançou Soro, um álbum que mudou a paisagem da world music. “Sina”, uma canção autobiográfica, devolveu-lhe a infância, a dor, a rejeição e a coragem, enquanto o resto do mundo descobria a potência indescritível da sua voz. A partir daí, Salif Keita deixou de ser apenas um artista africano para se tornar património global.

Ao longo das décadas, construiu uma obra feita de herança cultural, experimentação e humanidade. Álbum após álbum, Amen, Papa, Moffou, La Différence, contou a sua história enquanto defendia outra luta: a dignidade das pessoas com albinismo. Criou uma fundação com o seu nome, liderou campanhas, ergueu-se como símbolo de resistência.

Em palco, Salif Keita é mais do que um músico, é um sobrevivente que canta como quem desafia o destino. Fora dele, é um homem que transformou a própria vulnerabilidade em bandeira. Hoje, é uma das vozes mais respeitadas do continente africano, não apenas pela arte, mas pela coragem de assumir o extraordinário da sua existência.

Há artistas que atravessam o tempo. E há os que o iluminam.

Salif Keita fez ambas as coisas e, no processo, devolveu ao mundo a certeza de que a diferença não é um desvio, mas uma força que ecoa.

6galeria

Veloso de Almeida

Repórter

Veloso estudou Comunicação Social no Instituto Superior Técnico de Angola (ISTA) e estagia como jornalista no portal ONgoma News.

Salif Keita nasceu a 25 de Agosto de 1949, na aldeia de Djoliba, no Mali, mas o seu destino nunca foi o de um homem comum. Carregava no corpo uma marca que, à luz das tradições mandingas, era sinal de exclusão: o albinismo. O que poderia ter sido uma sentença de silêncio tornou-se, com o tempo, a força bruta por detrás de uma das vozes mais luminosas do continente africano.

Filho da nobreza mandinga, descendente directo de Sundiata Keita, fundador do Império do Mali, Salif cresceu num ambiente onde cantar era considerado indigno para alguém do seu estatuto. Aos olhos da família, a música não era um caminho, mas um desvio. Para ele, porém, era a única rota possível. E assim partiu para Bamako, sozinho, em busca de um palco que ainda não sabia existir.

Foi nos anos 70 que o mundo começou a ouvir o jovem de voz intensa e quase espiritual. Primeiro nos Rail Band de Bamako, depois nos Les Ambassadeurs, onde o talento de Keita encontrou forma, força e futuro. A sua música misturava tradição mandinga, eletricidade moderna e uma melancolia que parecia vir de um lugar onde a alma se senta para respirar.

Em 1987, instalou-se em Paris e lançou Soro, um álbum que mudou a paisagem da world music. “Sina”, uma canção autobiográfica, devolveu-lhe a infância, a dor, a rejeição e a coragem, enquanto o resto do mundo descobria a potência indescritível da sua voz. A partir daí, Salif Keita deixou de ser apenas um artista africano para se tornar património global.

Ao longo das décadas, construiu uma obra feita de herança cultural, experimentação e humanidade. Álbum após álbum, Amen, Papa, Moffou, La Différence, contou a sua história enquanto defendia outra luta: a dignidade das pessoas com albinismo. Criou uma fundação com o seu nome, liderou campanhas, ergueu-se como símbolo de resistência.

Em palco, Salif Keita é mais do que um músico, é um sobrevivente que canta como quem desafia o destino. Fora dele, é um homem que transformou a própria vulnerabilidade em bandeira. Hoje, é uma das vozes mais respeitadas do continente africano, não apenas pela arte, mas pela coragem de assumir o extraordinário da sua existência.

Há artistas que atravessam o tempo. E há os que o iluminam.

Salif Keita fez ambas as coisas e, no processo, devolveu ao mundo a certeza de que a diferença não é um desvio, mas uma força que ecoa.

6galeria

Artigos relacionados

Thank you! Your submission has been received!
Oops! Something went wrong while submitting the form