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Trump vê acordos de paz em risco após nova onda de violência no Congo e na fronteira Camboja–Tailândia

Trump vê acordos de paz em risco após nova onda de violência no Congo e na fronteira Camboja–Tailândia
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Vários dos acordos que Donald Trump tem apresentado como provas da sua capacidade negocial estão a enfrentar sérias dificuldades. Conflitos que o Presidente dos EUA afirmou ter ajudado a apaziguar voltaram a intensificar-se, lançando dúvidas sobre a estabilidade das tréguas alcançadas.

Menos de uma semana depois de o Congo e o Ruanda terem assinado em Washington um acordo destinado a travar os confrontos no leste congolês, e cerca de dois meses após o Camboja e a Tailândia terem subscrito na Malásia um pacto para pôr fim ao conflito fronteiriço, a violência voltou a aumentar em ambos os cenários. Segundo o Africanews, esta escalada provocou apreensão internacional e motivou apelos urgentes à contenção.

Na terça-feira, vários países da região dos Grandes Lagos e o Secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, apelaram ao cumprimento dos compromissos assumidos nos documentos promovidos por Trump, acordos que o próprio apresentara como evidência de que merecia o título de “presidente da paz”. Em resposta, Trump afirmou num comício na Pensilvânia acreditar que poderá resolver de novo a tensão entre Camboja e Tailândia. “Amanhã terei de fazer um telefonema”, disse. “Quem mais poderia impedir uma guerra com uma chamada?”

No caso do leste do Congo, a situação agravou-se com uma nova vaga de ataques atribuídos ao grupo M23, alegadamente apoiado pelo Ruanda. Uma declaração conjunta do Grupo de Contacto Internacional para os Grandes Lagos expressou “profunda preocupação” e instou o M23 e as Forças de Defesa do Ruanda a cessarem imediatamente as operações ofensivas em Kivu do Sul, cumprindo o acordo assinado em Washington pelos presidentes Félix Tshisekedi e Paul Kagame.

A Casa Branca tinha celebrado este entendimento como “histórico”, fruto da mediação de Trump, da União Africana e do Catar, que meses antes tinham concluído a primeira fase das negociações. “É um grande dia para a África, um grande dia para o mundo”, disse Trump aquando da assinatura. “Estamos a ter sucesso onde tantos falharam.”

Mas o panorama contrasta agora com as expectativas iniciais. O Departamento de Estado afirmou estar “profundamente preocupado” com a deterioração da segurança no leste da República Democrática do Congo, lembrando que a violência está a provocar deslocamentos massivos e sofrimento a milhares de famílias. Washington garante manter o envolvimento diplomático para assegurar a implementação das tréguas.

A tensão também voltou à fronteira entre o Camboja e a Tailândia, onde confrontos recentes, após uma escaramuça que feriu soldados tailandeses, resultaram em dezenas de mortos e obrigaram à evacuação de mais de 100 mil civis. Rubio pediu uma “cessação imediata” das hostilidades, evocando os Acordos de Paz de Kuala Lumpur.

Um alto funcionário da administração Trump, que falou sob anonimato, assegurou que o Presidente espera “resultados imediatos” e que ambas as partes respeitem o cessar-fogo. A mesma fonte indicou que o governo está a monitorizar de perto também o conflito no Congo.

Trump tem apontado “sete ou oito acordos” como testemunho da sua eficácia diplomática, incluindo estes dois agora em risco. Contudo, vários permanecem por consolidar. O plano para pôr fim à guerra entre Israel e o Hamas em Gaza continua suspenso, com combates esporádicos, e as tentativas de mediação entre Rússia e Ucrânia não produziram resultados até agora. Outros entendimentos promovidos por Trump, como os celebrados entre Índia e Paquistão, Arménia e Azerbaijão, Israel e Irão, Kosovo e Sérvia, ou Egito e Etiópia, continuam igualmente frágeis.

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Veloso de Almeida

Repórter

Veloso estudou Comunicação Social no Instituto Superior Técnico de Angola (ISTA) e estagia como jornalista no portal ONgoma News.

Vários dos acordos que Donald Trump tem apresentado como provas da sua capacidade negocial estão a enfrentar sérias dificuldades. Conflitos que o Presidente dos EUA afirmou ter ajudado a apaziguar voltaram a intensificar-se, lançando dúvidas sobre a estabilidade das tréguas alcançadas.

Menos de uma semana depois de o Congo e o Ruanda terem assinado em Washington um acordo destinado a travar os confrontos no leste congolês, e cerca de dois meses após o Camboja e a Tailândia terem subscrito na Malásia um pacto para pôr fim ao conflito fronteiriço, a violência voltou a aumentar em ambos os cenários. Segundo o Africanews, esta escalada provocou apreensão internacional e motivou apelos urgentes à contenção.

Na terça-feira, vários países da região dos Grandes Lagos e o Secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, apelaram ao cumprimento dos compromissos assumidos nos documentos promovidos por Trump, acordos que o próprio apresentara como evidência de que merecia o título de “presidente da paz”. Em resposta, Trump afirmou num comício na Pensilvânia acreditar que poderá resolver de novo a tensão entre Camboja e Tailândia. “Amanhã terei de fazer um telefonema”, disse. “Quem mais poderia impedir uma guerra com uma chamada?”

No caso do leste do Congo, a situação agravou-se com uma nova vaga de ataques atribuídos ao grupo M23, alegadamente apoiado pelo Ruanda. Uma declaração conjunta do Grupo de Contacto Internacional para os Grandes Lagos expressou “profunda preocupação” e instou o M23 e as Forças de Defesa do Ruanda a cessarem imediatamente as operações ofensivas em Kivu do Sul, cumprindo o acordo assinado em Washington pelos presidentes Félix Tshisekedi e Paul Kagame.

A Casa Branca tinha celebrado este entendimento como “histórico”, fruto da mediação de Trump, da União Africana e do Catar, que meses antes tinham concluído a primeira fase das negociações. “É um grande dia para a África, um grande dia para o mundo”, disse Trump aquando da assinatura. “Estamos a ter sucesso onde tantos falharam.”

Mas o panorama contrasta agora com as expectativas iniciais. O Departamento de Estado afirmou estar “profundamente preocupado” com a deterioração da segurança no leste da República Democrática do Congo, lembrando que a violência está a provocar deslocamentos massivos e sofrimento a milhares de famílias. Washington garante manter o envolvimento diplomático para assegurar a implementação das tréguas.

A tensão também voltou à fronteira entre o Camboja e a Tailândia, onde confrontos recentes, após uma escaramuça que feriu soldados tailandeses, resultaram em dezenas de mortos e obrigaram à evacuação de mais de 100 mil civis. Rubio pediu uma “cessação imediata” das hostilidades, evocando os Acordos de Paz de Kuala Lumpur.

Um alto funcionário da administração Trump, que falou sob anonimato, assegurou que o Presidente espera “resultados imediatos” e que ambas as partes respeitem o cessar-fogo. A mesma fonte indicou que o governo está a monitorizar de perto também o conflito no Congo.

Trump tem apontado “sete ou oito acordos” como testemunho da sua eficácia diplomática, incluindo estes dois agora em risco. Contudo, vários permanecem por consolidar. O plano para pôr fim à guerra entre Israel e o Hamas em Gaza continua suspenso, com combates esporádicos, e as tentativas de mediação entre Rússia e Ucrânia não produziram resultados até agora. Outros entendimentos promovidos por Trump, como os celebrados entre Índia e Paquistão, Arménia e Azerbaijão, Israel e Irão, Kosovo e Sérvia, ou Egito e Etiópia, continuam igualmente frágeis.

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