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Deolinda Rodrigues: o pensamento feminista na construção da nação angolana

Deolinda Rodrigues: o pensamento feminista na construção da nação angolana
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Deolinda Rodrigues Francisco de Almeida, nasceu em Catete, atual capital de Icolo-Bengo, a 10 de Fevereiro de 1939, e faleceu em 2 de Março de 1967, em Kinkuzu, República Democrática do Congo, é uma das figuras mais luminosas e trágicas da luta de libertação nacional angolana. Conhecida pelo nome de guerra Langidila e celebrada como a “Mãe da Revolução”, foi muito mais do que uma militante, foi uma visionária cuja acção e pensamento moldaram, de forma decisiva, a consciência política e feminista em Angola.

Filha de um pastor metodista, cresceu num ambiente cristão e escolarizado, e desde cedo demonstrou uma inquietação intelectual e moral incomuns. Estudou nos Estados Unidos da América, no Methodist College em Kansas, e posteriormente no Brasil, onde aprofundou a sua formação sociológica e política. Esta vivência internacional, aliada a um forte compromisso com a justiça social, moldou o seu pensamento crítico e a sua entrega total à causa do povo angolano.

Como membro destacado do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Deolinda foi uma das fundadoras da Organização da Mulher Angolana (OMA). Mas a sua militância ultrapassava o mero activismo: o seu pensamento feminista era estrutural e radical para a época. Defendia que a libertação da mulher não era um apêndice da luta nacional, mas parte intrínseca do processo revolucionário. Para Deolinda, não haveria independência plena sem a emancipação da mulher angolana.

Escrevia com a força de quem sente na pele as contradições do seu tempo. Lutava contra o colonialismo, mas também contra o machismo instalado — nas estruturas do poder e até dentro do próprio movimento revolucionário. A sua escrita íntima, as suas cartas e os seus diários revelam uma jovem profundamente consciente do seu papel e dos riscos que enfrentava. Denunciava a exclusão da mulher dos centros de decisão e reivindicava o seu lugar como sujeito político activo, educado, pensante e indispensável à nova nação.

A sua obra literária mais conhecida, “A Última Ceia” (1961), é um grito poético e simbólico que ecoa a resistência do povo angolano. Nele, a dor da opressão entrelaça-se com a esperança de uma liberdade por vir. Com palavras simples e intensas, Deolinda retrata a coragem de um povo que, apesar da violência colonial, se ergue com dignidade.

A sua morte, brutal e silenciosa, não apagou o seu legado. Em 1967, após ser capturada por forças rivais no interior de Angola, foi barbaramente torturada e executada. Só muitos anos depois é que o país pôde conhecer, com mais clareza, a dimensão da sua entrega e o horror da sua morte.

Hoje, Deolinda Rodrigues é um símbolo eterno da resistência, do pensamento crítico e da luta feminista em Angola. A sua coragem, inteligência e ternura revolucionária continuam a inspirar gerações de mulheres e homens que acreditam numa Angola mais justa, mais livre e verdadeiramente igualitária.

Mais do que uma mártir, Deolinda é memória viva. E na história do país que ajudou a sonhar, a construir e a defender com a própria vida, ela é voz, é raiz e é farol.

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Luciana Paciência

Deolinda Rodrigues Francisco de Almeida, nasceu em Catete, atual capital de Icolo-Bengo, a 10 de Fevereiro de 1939, e faleceu em 2 de Março de 1967, em Kinkuzu, República Democrática do Congo, é uma das figuras mais luminosas e trágicas da luta de libertação nacional angolana. Conhecida pelo nome de guerra Langidila e celebrada como a “Mãe da Revolução”, foi muito mais do que uma militante, foi uma visionária cuja acção e pensamento moldaram, de forma decisiva, a consciência política e feminista em Angola.

Filha de um pastor metodista, cresceu num ambiente cristão e escolarizado, e desde cedo demonstrou uma inquietação intelectual e moral incomuns. Estudou nos Estados Unidos da América, no Methodist College em Kansas, e posteriormente no Brasil, onde aprofundou a sua formação sociológica e política. Esta vivência internacional, aliada a um forte compromisso com a justiça social, moldou o seu pensamento crítico e a sua entrega total à causa do povo angolano.

Como membro destacado do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Deolinda foi uma das fundadoras da Organização da Mulher Angolana (OMA). Mas a sua militância ultrapassava o mero activismo: o seu pensamento feminista era estrutural e radical para a época. Defendia que a libertação da mulher não era um apêndice da luta nacional, mas parte intrínseca do processo revolucionário. Para Deolinda, não haveria independência plena sem a emancipação da mulher angolana.

Escrevia com a força de quem sente na pele as contradições do seu tempo. Lutava contra o colonialismo, mas também contra o machismo instalado — nas estruturas do poder e até dentro do próprio movimento revolucionário. A sua escrita íntima, as suas cartas e os seus diários revelam uma jovem profundamente consciente do seu papel e dos riscos que enfrentava. Denunciava a exclusão da mulher dos centros de decisão e reivindicava o seu lugar como sujeito político activo, educado, pensante e indispensável à nova nação.

A sua obra literária mais conhecida, “A Última Ceia” (1961), é um grito poético e simbólico que ecoa a resistência do povo angolano. Nele, a dor da opressão entrelaça-se com a esperança de uma liberdade por vir. Com palavras simples e intensas, Deolinda retrata a coragem de um povo que, apesar da violência colonial, se ergue com dignidade.

A sua morte, brutal e silenciosa, não apagou o seu legado. Em 1967, após ser capturada por forças rivais no interior de Angola, foi barbaramente torturada e executada. Só muitos anos depois é que o país pôde conhecer, com mais clareza, a dimensão da sua entrega e o horror da sua morte.

Hoje, Deolinda Rodrigues é um símbolo eterno da resistência, do pensamento crítico e da luta feminista em Angola. A sua coragem, inteligência e ternura revolucionária continuam a inspirar gerações de mulheres e homens que acreditam numa Angola mais justa, mais livre e verdadeiramente igualitária.

Mais do que uma mártir, Deolinda é memória viva. E na história do país que ajudou a sonhar, a construir e a defender com a própria vida, ela é voz, é raiz e é farol.

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