Um novo artigo académico de uma equipa de pesquisadores do Projecto de Vida Selvagem do Okavango da National Geographic é o primeiro a definir cientificamente o limite da Torre de Água das Terras Altas de Angola dentro do Planalto Central do Bié em Angola, um passo importante na conservação e garantia da segurança da água para milhões de pessoas e que desafia o facto de os mapas globais retratarem África como se não tivesse torres de água, devido à falta de neve e gelo permanentes.
Angola é uma fonte de muitos rios importantes na África Austral e é referida como a “torre de água” da região; as suas terras altas armazenam grandes quantidades de água doce, que corre centenas de quilómetros rio abaixo, eventualmente alimentando pessoas, projecto agrícolas e a natureza em algumas regiões mais áridas do sul de África.
No entanto, apesar de sua importância ecológica e hidrológica, dentro da ciência académica, a falta de limites definidos em torno da Torre de Água das Terras Altas de Angola (Angola Highlands Water Tower – AHWT), tem dificultado os esforços globais para protegê-la e preservá-la.
O estudo, publicado na edição de Julho da Springer's Environmental Monitoring and Assessment, descobriu que uma média de 423 quilómetros cúbicos de chuva cai sobre a AHWT a cada ano - o que equivale a quase 170 milhões de piscinas olímpicas. A AHWT, conforme indicado no artigo, ocupa uma área de 380.382 quilómetros quadrados, fornecendo recursos de água doce para sete países: Angola, Zâmbia, Zimbábue, Moçambique, República Democrática do Congo, Namíbia e Botswana. Além disso, a AHWT fornece água para algumas das áreas de biodiversidade mais importantes do mundo, incluindo o Delta do Okavango, que fornece um habitat vital para espécies icónicas, incluindo a maior população remanescente de elefantes africanos em via de extinção.
Trata-se entretanto do primeiro artigo académico a definir o limite da AHWT como uma área do Planalto Central do Bié em Angola acima de uma elevação de 1.274 metros, usando 40 anos de dados regionais de precipitação. Como a maioria das torres de água da África, a Torre de Água das Terras Altas de Angola carece de neve ou gelo, o seu abastecimento constante de água é possibilitado pelo fluxo gradual de águas subterrâneas, lagos de fonte nas terras altas e extensas turfeiras.
Definir o limite da AHWT, de acordo com o comunicado chegado ao ONgoma News, é um passo que se exige na conservação e garantia da segurança hídrica para milhões de pessoas em meio ao rápido crescimento populacional da África, sendo a fonte a sul da Bacia do Congo, a fonte ocidental da Bacia do Zambeze e a única fonte de água da Bacia do Cubango-Okavango e do Delta do Okavango. Aproximadamente 95% da água que flui para o Delta do Okavango, no Botsuana, provém da precipitação nas terras altas angolanas. O Delta do Okavango é formalmente protegido pelo Botsuana e é reconhecido como Património Mundial da UNESCO e como Zona Húmida de Importância Internacional (Zona Ramsar). No entanto, a recém-definida Torre de Água das Terras Altas de Angola carece de tais protecções – apesar de ser a fonte do Delta.
“Definir a Torre de Água das Terras Altas de Angola e quantificar as suas contribuições para os rios à jusante é um passo importante para a conservação deste recurso de extrema importância”, disse o doutor Mauro Lourenço, principal autor do artigo e ecologista geospacial e analista de dados da Wild Bird Trust, que co-fundou o NGOWP (National Geographic Okavango Wilderness Project, inglês para Projecto de Vida Selvagem do Okavango da National Geographic) com a National Geographic Society e implementa localmente ciência e conservação.
“As torres de água da África foram negligenciadas pela ciência devido às torres de água que normalmente requerem neve permanente ou cobertura de gelo. Este artigo nos mostra a importância de torres de água alternativas – caracterizadas por florestas e extensas turfeiras – e as suas implicações para o abastecimento de água, segurança alimentar e biodiversidade em toda a África Austral”, continuou o especialista, tendo relevado que Angola, como muitos países africanos, é uma economia emergente com uma população em rápido crescimento e uma procura crescente de recursos de água.
“Precisamos continuar a estudar e entender o funcionamento da AHWT e de muitas outras torres de água africanas e seu papel no fornecimento de água para as pessoas e a vida selvagem”, asseverou.
Entre 2000 e 2022, a população de Angola duplicou para 35,59 milhões de pessoas. As projecções populacionais para 2050 e 2100 indicam que a população de Angola deverá duplicar novamente, atingindo potencialmente 72,33 e 132,90 milhões em 2050 e 2100, respectivamente. É fundamental garantir que os desenvolvimentos para acomodar o crescimento populacional sejam sustentáveis e não perturbem a integridade ambiental e o funcionamento hidrológico da AHWT, diz o artigo. Isso requer uma compreensão contínua do funcionamento e do papel da AHWT no fornecimento de água às bacias vizinhas.
“A Torre de Água das Terras Altas de Angola não é apenas a pedra angular para o futuro da África Austral e sua resiliência de longo prazo às mudanças climáticas, mas também tem uma profunda importância cultural e espiritual. Chama-se 'Lisima Lya Mwono' (Fonte de Vida) na língua Luchaze, e as pessoas que vivem aqui sustentaram esta paisagem através das suas tradições e conhecimentos”, afirmou o Steve Boyes, explorador da National Geographic e fundador do Projecto de Vida Selvagem do Okavango da National Geographic.
“Agora que definimos os limites da Torre de Água das Terras Altas de Angola dentro da ciência académica, precisamos protegê-la, em parceria com as comunidades. Um primeiro passo importante é o reconhecimento da torre de água como Zona Húmida de Importância Internacional (Zona Ramsar) e estamos ansiosos para garantir essa designação”, concluiu.
Um novo artigo académico de uma equipa de pesquisadores do Projecto de Vida Selvagem do Okavango da National Geographic é o primeiro a definir cientificamente o limite da Torre de Água das Terras Altas de Angola dentro do Planalto Central do Bié em Angola, um passo importante na conservação e garantia da segurança da água para milhões de pessoas e que desafia o facto de os mapas globais retratarem África como se não tivesse torres de água, devido à falta de neve e gelo permanentes.
Angola é uma fonte de muitos rios importantes na África Austral e é referida como a “torre de água” da região; as suas terras altas armazenam grandes quantidades de água doce, que corre centenas de quilómetros rio abaixo, eventualmente alimentando pessoas, projecto agrícolas e a natureza em algumas regiões mais áridas do sul de África.
No entanto, apesar de sua importância ecológica e hidrológica, dentro da ciência académica, a falta de limites definidos em torno da Torre de Água das Terras Altas de Angola (Angola Highlands Water Tower – AHWT), tem dificultado os esforços globais para protegê-la e preservá-la.
O estudo, publicado na edição de Julho da Springer's Environmental Monitoring and Assessment, descobriu que uma média de 423 quilómetros cúbicos de chuva cai sobre a AHWT a cada ano - o que equivale a quase 170 milhões de piscinas olímpicas. A AHWT, conforme indicado no artigo, ocupa uma área de 380.382 quilómetros quadrados, fornecendo recursos de água doce para sete países: Angola, Zâmbia, Zimbábue, Moçambique, República Democrática do Congo, Namíbia e Botswana. Além disso, a AHWT fornece água para algumas das áreas de biodiversidade mais importantes do mundo, incluindo o Delta do Okavango, que fornece um habitat vital para espécies icónicas, incluindo a maior população remanescente de elefantes africanos em via de extinção.
Trata-se entretanto do primeiro artigo académico a definir o limite da AHWT como uma área do Planalto Central do Bié em Angola acima de uma elevação de 1.274 metros, usando 40 anos de dados regionais de precipitação. Como a maioria das torres de água da África, a Torre de Água das Terras Altas de Angola carece de neve ou gelo, o seu abastecimento constante de água é possibilitado pelo fluxo gradual de águas subterrâneas, lagos de fonte nas terras altas e extensas turfeiras.
Definir o limite da AHWT, de acordo com o comunicado chegado ao ONgoma News, é um passo que se exige na conservação e garantia da segurança hídrica para milhões de pessoas em meio ao rápido crescimento populacional da África, sendo a fonte a sul da Bacia do Congo, a fonte ocidental da Bacia do Zambeze e a única fonte de água da Bacia do Cubango-Okavango e do Delta do Okavango. Aproximadamente 95% da água que flui para o Delta do Okavango, no Botsuana, provém da precipitação nas terras altas angolanas. O Delta do Okavango é formalmente protegido pelo Botsuana e é reconhecido como Património Mundial da UNESCO e como Zona Húmida de Importância Internacional (Zona Ramsar). No entanto, a recém-definida Torre de Água das Terras Altas de Angola carece de tais protecções – apesar de ser a fonte do Delta.
“Definir a Torre de Água das Terras Altas de Angola e quantificar as suas contribuições para os rios à jusante é um passo importante para a conservação deste recurso de extrema importância”, disse o doutor Mauro Lourenço, principal autor do artigo e ecologista geospacial e analista de dados da Wild Bird Trust, que co-fundou o NGOWP (National Geographic Okavango Wilderness Project, inglês para Projecto de Vida Selvagem do Okavango da National Geographic) com a National Geographic Society e implementa localmente ciência e conservação.
“As torres de água da África foram negligenciadas pela ciência devido às torres de água que normalmente requerem neve permanente ou cobertura de gelo. Este artigo nos mostra a importância de torres de água alternativas – caracterizadas por florestas e extensas turfeiras – e as suas implicações para o abastecimento de água, segurança alimentar e biodiversidade em toda a África Austral”, continuou o especialista, tendo relevado que Angola, como muitos países africanos, é uma economia emergente com uma população em rápido crescimento e uma procura crescente de recursos de água.
“Precisamos continuar a estudar e entender o funcionamento da AHWT e de muitas outras torres de água africanas e seu papel no fornecimento de água para as pessoas e a vida selvagem”, asseverou.
Entre 2000 e 2022, a população de Angola duplicou para 35,59 milhões de pessoas. As projecções populacionais para 2050 e 2100 indicam que a população de Angola deverá duplicar novamente, atingindo potencialmente 72,33 e 132,90 milhões em 2050 e 2100, respectivamente. É fundamental garantir que os desenvolvimentos para acomodar o crescimento populacional sejam sustentáveis e não perturbem a integridade ambiental e o funcionamento hidrológico da AHWT, diz o artigo. Isso requer uma compreensão contínua do funcionamento e do papel da AHWT no fornecimento de água às bacias vizinhas.
“A Torre de Água das Terras Altas de Angola não é apenas a pedra angular para o futuro da África Austral e sua resiliência de longo prazo às mudanças climáticas, mas também tem uma profunda importância cultural e espiritual. Chama-se 'Lisima Lya Mwono' (Fonte de Vida) na língua Luchaze, e as pessoas que vivem aqui sustentaram esta paisagem através das suas tradições e conhecimentos”, afirmou o Steve Boyes, explorador da National Geographic e fundador do Projecto de Vida Selvagem do Okavango da National Geographic.
“Agora que definimos os limites da Torre de Água das Terras Altas de Angola dentro da ciência académica, precisamos protegê-la, em parceria com as comunidades. Um primeiro passo importante é o reconhecimento da torre de água como Zona Húmida de Importância Internacional (Zona Ramsar) e estamos ansiosos para garantir essa designação”, concluiu.