O escritor angolano José Eduardo Agualusa afirmou, em entrevista ao jornal português Sol, que “não foi só a guerra” que destruiu o país, sendo que as causas da actual situação que Angola vive vão além do conflito armado.
Numa entrevista a propósito do seu último livro, intitulado “A Sociedade dos Sonhadores Involuntários”, o escritor afirmou que, depois da guerra, o regime político é que mais destruiu o país. “Mais do que isso, depois da guerra, é o próprio regime. Esse desprezo pela vida que se generalizou, essa negação do outro. É uma coisa que passou a caracterizar a vida em Angola, essa incapacidade de aceitar o outro, esse culto do inimigo em que não se procura nunca uma aproximação e um diálogo”, respondeu, quando questionado sobre as reflexões de um dos seus personagens, que foi da UNITA, e que reclama que em Angola começou-se a matar porque estava-se a combater o comunismo, mas a certa altura passou-se matar porque se gosta de matar.
José Eduardo Agualusa argumentou, entretanto, que havia no partido no poder outras correntes. “O MPLA não foi sempre assim. E os primeiros dirigentes do MPLA, o Joaquim Pinto de Andrade, o Gentil Viana e muitos outros, que eu conheci bem, eram pessoas de uma grande generosidade. Mas essas pessoas foram logo afastadas, mesmo antes da independência”, lamentou.
José Eduardo Agualusa revelou que a única vez que teve problemas com a liberdade de expressão foi em Portgual, por ter publicado um texto na revista de bordo da TAP, que se chama “O dia em que prenderam o Pai Natal” e é seu conto mais traduzido.
Sobre a possibilidade de o livro “A Sociedade dos Sonhadores Involuntários” vir a ser publicado em Angola, o escritor que informou que, ultimamente, os seus trabalhos não editados no país, não porque alguém impede que isso aconteça, mas por razões comerciais. “É mais fácil importar uma série de livros de Portugal do que estar a editá-los”, esclareceu, reforçando que não há nenhuma dificuldade em ser lido no país.
O autor de “Teoria Geral do Esquecimento”, “Rainha Ginga” e vários outros títulos, admitiu, entretanto, que é uma pessoa “relativamente odiada” nos círculos do poder e afirmou que existe em Angola “uma ditadura muito especial”. “Este regime nunca se preocupou muito com os livros porque sabe que os livros chegam a poucas pessoas. Há é uma preocupação com as entrevistas e colunas de opinião. Eu fazia uma coluna num jornal angolano e alguém do regime comprou o jornal e afastou os cronistas incómodos”, revelou.
Curiosamente, José Eduardo Agualusa revelou que a única vez que teve problemas com a liberdade de expressão foi em Portgual, por ter publicado um texto na revista de bordo da TAP, que se chama “O dia em que prenderam o Pai Natal” e é seu conto mais traduzido. “Uma senhora que já lá não está pediu-me o texto. E foi esta mesma pessoa que me contou, incomodadíssima, que o meu texto tinha sido vetado pela direcção da TAP com medo de incomodar alguns passageiros angolanos. E o texto não entrou. Não aconteceria em Angola. Portugal sempre foi mais papista que o papa”, ironizou.
O escritor angolano José Eduardo Agualusa afirmou, em entrevista ao jornal português Sol, que “não foi só a guerra” que destruiu o país, sendo que as causas da actual situação que Angola vive vão além do conflito armado.
Numa entrevista a propósito do seu último livro, intitulado “A Sociedade dos Sonhadores Involuntários”, o escritor afirmou que, depois da guerra, o regime político é que mais destruiu o país. “Mais do que isso, depois da guerra, é o próprio regime. Esse desprezo pela vida que se generalizou, essa negação do outro. É uma coisa que passou a caracterizar a vida em Angola, essa incapacidade de aceitar o outro, esse culto do inimigo em que não se procura nunca uma aproximação e um diálogo”, respondeu, quando questionado sobre as reflexões de um dos seus personagens, que foi da UNITA, e que reclama que em Angola começou-se a matar porque estava-se a combater o comunismo, mas a certa altura passou-se matar porque se gosta de matar.
José Eduardo Agualusa argumentou, entretanto, que havia no partido no poder outras correntes. “O MPLA não foi sempre assim. E os primeiros dirigentes do MPLA, o Joaquim Pinto de Andrade, o Gentil Viana e muitos outros, que eu conheci bem, eram pessoas de uma grande generosidade. Mas essas pessoas foram logo afastadas, mesmo antes da independência”, lamentou.
José Eduardo Agualusa revelou que a única vez que teve problemas com a liberdade de expressão foi em Portgual, por ter publicado um texto na revista de bordo da TAP, que se chama “O dia em que prenderam o Pai Natal” e é seu conto mais traduzido.
Sobre a possibilidade de o livro “A Sociedade dos Sonhadores Involuntários” vir a ser publicado em Angola, o escritor que informou que, ultimamente, os seus trabalhos não editados no país, não porque alguém impede que isso aconteça, mas por razões comerciais. “É mais fácil importar uma série de livros de Portugal do que estar a editá-los”, esclareceu, reforçando que não há nenhuma dificuldade em ser lido no país.
O autor de “Teoria Geral do Esquecimento”, “Rainha Ginga” e vários outros títulos, admitiu, entretanto, que é uma pessoa “relativamente odiada” nos círculos do poder e afirmou que existe em Angola “uma ditadura muito especial”. “Este regime nunca se preocupou muito com os livros porque sabe que os livros chegam a poucas pessoas. Há é uma preocupação com as entrevistas e colunas de opinião. Eu fazia uma coluna num jornal angolano e alguém do regime comprou o jornal e afastou os cronistas incómodos”, revelou.
Curiosamente, José Eduardo Agualusa revelou que a única vez que teve problemas com a liberdade de expressão foi em Portgual, por ter publicado um texto na revista de bordo da TAP, que se chama “O dia em que prenderam o Pai Natal” e é seu conto mais traduzido. “Uma senhora que já lá não está pediu-me o texto. E foi esta mesma pessoa que me contou, incomodadíssima, que o meu texto tinha sido vetado pela direcção da TAP com medo de incomodar alguns passageiros angolanos. E o texto não entrou. Não aconteceria em Angola. Portugal sempre foi mais papista que o papa”, ironizou.