O director-geral da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA) considera “prematuro” fazer um balanço dos 39 anos de liderança política de José Eduardo dos Santos, defendendo que essa reflexão pode ser condicionada por problemas do dia-a-dia que afectam o povo.
Belarmino Jelembi fez estas declarações falando sobre o fim da vida política activa do ex-Presidente angolano, que vai amanhã deixar também a liderança do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), com a realização do VI Congresso Extraordinário do partido que chefiou desde 1979.
Para o responsável da ADRA, uma organização não-governamental criada há 28 anos, José Eduardo dos Santos deixa um legado de“passivos e activos”, com aspectos positivos e negativos, mas a sensibilidade que o assunto impõe só permite discussão “daqui a algum tempo, com um bocado mais de distanciamento”.
“Hoje há muita emotividade, muitos aspectos ligados ao seu legado que afectam o nosso dia-a-dia e a reflexão está muito condicionada. Precisamos de algum tempo, para, com distanciamento, e mais lucidez, analisarmos com mais profundidade”, disse o líder daquela organização que defende um desenvolvimento rural democrático e sustentável e um processo de reconciliação nacional e de paz em Angola.
Contudo, Belarmino Jelembi entende que há um sentimento geral de que houve um período importante no legado do Presidente José Eduardo dos Santos, o fim da guerra em 2002, a garantia da integridade nacional e a forma como protagonizou, desde então, a transição para a paz.
“Mas, aí, iniciou um novo ciclo, em que quase todo o capital político e prestígio que tinha granjeado começou a ser posto em causa com o modelo de desenvolvimento que conduziu e liderou, um modelo que levou a uma concentração de riqueza, que hoje é um dos principais dramas do nosso país. Esse é um passivo importante no seu legado”, apontou, citado pela Lusa.
Outra nota que também considerou importante tem a ver com o papel de líder do MPLA, que, “depois dos acordos de paz, quando se iniciam os acordos com a China para a reconstrução nacional, emerge o círculo do Presidente e quase que desaparece a liderança do MPLA”.
“Agora, nos últimos anos, começamos a ver um MPLA normalmente activo, mas, durante vários anos, durante o período de reconstrução, emergiu o arquitecto da paz, a figura quase que endeusada, levando quase ao desaparecimento da hierarquia do MPLA. Creio que isso também marcou bastante a sua liderança”, frisou o associativista, tendo reiterado ainda a necessidade de mais alguns anos para uma reflexão com maior lucidez, um bocado distanciada dos problemas em concreto.
“Hoje, as pessoas estão muito envolvidas com a [faltade] água, com a luz, com o emprego, e tem de se imputar isso a alguém, a uma liderança. É dessa maneira que eu vejo o legado do Presidente José Eduardo dos Santos. Há um activo importante, mas também há um passivo, que vai durar algum tempo”, asseverou.
Sobre a assunção da liderança do MPLA por João Lourenço, Presidente de Angola há um ano e actual vice-presidente do partido, único candidato à substituição de José Eduardo dos Santos na chefia da organização política, Belarmino Jelembi é de opinião que é “a medida mais sensata”, face às circunstâncias actuais de um país “em transição”.
Entretanto, avançou, há desafios importantes. “Um deles decorre da necessidade de a liderança ter contrapesos. Eu sou um bocado contra a ideia do chefe supremo, do líder imperador, porque, quando vamos por esse caminho, rapidamente deixamos de ser governados por aquele que nós elegemos”,concluiu.
O director-geral da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA) considera “prematuro” fazer um balanço dos 39 anos de liderança política de José Eduardo dos Santos, defendendo que essa reflexão pode ser condicionada por problemas do dia-a-dia que afectam o povo.
Belarmino Jelembi fez estas declarações falando sobre o fim da vida política activa do ex-Presidente angolano, que vai amanhã deixar também a liderança do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), com a realização do VI Congresso Extraordinário do partido que chefiou desde 1979.
Para o responsável da ADRA, uma organização não-governamental criada há 28 anos, José Eduardo dos Santos deixa um legado de“passivos e activos”, com aspectos positivos e negativos, mas a sensibilidade que o assunto impõe só permite discussão “daqui a algum tempo, com um bocado mais de distanciamento”.
“Hoje há muita emotividade, muitos aspectos ligados ao seu legado que afectam o nosso dia-a-dia e a reflexão está muito condicionada. Precisamos de algum tempo, para, com distanciamento, e mais lucidez, analisarmos com mais profundidade”, disse o líder daquela organização que defende um desenvolvimento rural democrático e sustentável e um processo de reconciliação nacional e de paz em Angola.
Contudo, Belarmino Jelembi entende que há um sentimento geral de que houve um período importante no legado do Presidente José Eduardo dos Santos, o fim da guerra em 2002, a garantia da integridade nacional e a forma como protagonizou, desde então, a transição para a paz.
“Mas, aí, iniciou um novo ciclo, em que quase todo o capital político e prestígio que tinha granjeado começou a ser posto em causa com o modelo de desenvolvimento que conduziu e liderou, um modelo que levou a uma concentração de riqueza, que hoje é um dos principais dramas do nosso país. Esse é um passivo importante no seu legado”, apontou, citado pela Lusa.
Outra nota que também considerou importante tem a ver com o papel de líder do MPLA, que, “depois dos acordos de paz, quando se iniciam os acordos com a China para a reconstrução nacional, emerge o círculo do Presidente e quase que desaparece a liderança do MPLA”.
“Agora, nos últimos anos, começamos a ver um MPLA normalmente activo, mas, durante vários anos, durante o período de reconstrução, emergiu o arquitecto da paz, a figura quase que endeusada, levando quase ao desaparecimento da hierarquia do MPLA. Creio que isso também marcou bastante a sua liderança”, frisou o associativista, tendo reiterado ainda a necessidade de mais alguns anos para uma reflexão com maior lucidez, um bocado distanciada dos problemas em concreto.
“Hoje, as pessoas estão muito envolvidas com a [faltade] água, com a luz, com o emprego, e tem de se imputar isso a alguém, a uma liderança. É dessa maneira que eu vejo o legado do Presidente José Eduardo dos Santos. Há um activo importante, mas também há um passivo, que vai durar algum tempo”, asseverou.
Sobre a assunção da liderança do MPLA por João Lourenço, Presidente de Angola há um ano e actual vice-presidente do partido, único candidato à substituição de José Eduardo dos Santos na chefia da organização política, Belarmino Jelembi é de opinião que é “a medida mais sensata”, face às circunstâncias actuais de um país “em transição”.
Entretanto, avançou, há desafios importantes. “Um deles decorre da necessidade de a liderança ter contrapesos. Eu sou um bocado contra a ideia do chefe supremo, do líder imperador, porque, quando vamos por esse caminho, rapidamente deixamos de ser governados por aquele que nós elegemos”,concluiu.