Entrevista

Indira Mateta: Uma artista entre fronteiras, memórias e a urgência de um país que cuide da sua cultura

Indira Mateta: Uma artista entre fronteiras, memórias e a urgência de um país que cuide da sua cultura
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Na mais recente edição do podcast Taça Cheia, conduzido por Sebastião Vemba, a artista angolana Indira Mateta sentou-se à mesa do diálogo para abrir o coração sobre a sua vida, a sua arte e os caminhos trilhados entre o sentir e o criar. Foi mais do que uma entrevista: foi uma partilha íntima sobre o que significa ser artista num país onde a cultura luta, muitas vezes, para sobreviver.

Nascida em Angola, mas com parte da sua vivência moldada em Portugal, Indira cresceu entre dois mundos. Entre a infância em Luanda, onde as cores da cidade lhe ensinaram a imaginar, e os corredores europeus, onde aprendeu a nomear aquilo que sentia, Indira foi encontrando na arte a sua casa, uma linguagem silenciosa que sempre falou por ela.

“Eu nunca quis sair de Angola. A vida é que me obrigou a sair”, desabafa. E nessa frase está concentrada uma verdade crua: a do abandono de muitos talentos forçados a procurar no estrangeiro o que a sua terra ainda não sabe dar. O exílio involuntário, o afastamento forçado, e o desejo de voltar com raízes e não apenas com vozes.

Na conversa com Vemba, Indira falou com emoção sobre a sua relação com a cultura angolana e a dor de ver o sector cultural ainda sem o apoio institucional merecido. Reforçou que artistas não vivem apenas de paixão: precisam de políticas, estruturas e reconhecimento. “Nós queremos viver da nossa arte, mas também precisamos de dignidade”, afirmou com firmeza.

A artista trouxe também para o centro da mesa temas como a saúde mental, o racismo estrutural, a sensação de invisibilidade vivida na diáspora e o papel do artista como construtor de memória colectiva. Falou do peso da ancestralidade, da necessidade de representatividade, e da urgência de contar as histórias que ainda estão por dizer.

Ao longo da conversa, percebeu-se uma artista inteira: vulnerável e firme, emotiva e crítica, apaixonada pelo seu país, mas sem medo de apontar as feridas. Falou com amor por Angola, mas também com a coragem de quem já não quer aceitar silêncios. “A cultura é um pilar. Um país que não investe nela está a cortar o seu próprio futuro.”

O episódio revelou o legado vivo de uma geração de criadores que não se conforma. Indira Mateta, com a sua presença intensa e a sua voz serena, deixou lições de humanidade e resistência. Mostrou que a arte pode ser refúgio, denúncia e sonho. E lembrou-nos, com doçura e verdade, que cuidar dos artistas é, no fundo, cuidar do país.

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Gilberto Tadeu

Redactor

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Na mais recente edição do podcast Taça Cheia, conduzido por Sebastião Vemba, a artista angolana Indira Mateta sentou-se à mesa do diálogo para abrir o coração sobre a sua vida, a sua arte e os caminhos trilhados entre o sentir e o criar. Foi mais do que uma entrevista: foi uma partilha íntima sobre o que significa ser artista num país onde a cultura luta, muitas vezes, para sobreviver.

Nascida em Angola, mas com parte da sua vivência moldada em Portugal, Indira cresceu entre dois mundos. Entre a infância em Luanda, onde as cores da cidade lhe ensinaram a imaginar, e os corredores europeus, onde aprendeu a nomear aquilo que sentia, Indira foi encontrando na arte a sua casa, uma linguagem silenciosa que sempre falou por ela.

“Eu nunca quis sair de Angola. A vida é que me obrigou a sair”, desabafa. E nessa frase está concentrada uma verdade crua: a do abandono de muitos talentos forçados a procurar no estrangeiro o que a sua terra ainda não sabe dar. O exílio involuntário, o afastamento forçado, e o desejo de voltar com raízes e não apenas com vozes.

Na conversa com Vemba, Indira falou com emoção sobre a sua relação com a cultura angolana e a dor de ver o sector cultural ainda sem o apoio institucional merecido. Reforçou que artistas não vivem apenas de paixão: precisam de políticas, estruturas e reconhecimento. “Nós queremos viver da nossa arte, mas também precisamos de dignidade”, afirmou com firmeza.

A artista trouxe também para o centro da mesa temas como a saúde mental, o racismo estrutural, a sensação de invisibilidade vivida na diáspora e o papel do artista como construtor de memória colectiva. Falou do peso da ancestralidade, da necessidade de representatividade, e da urgência de contar as histórias que ainda estão por dizer.

Ao longo da conversa, percebeu-se uma artista inteira: vulnerável e firme, emotiva e crítica, apaixonada pelo seu país, mas sem medo de apontar as feridas. Falou com amor por Angola, mas também com a coragem de quem já não quer aceitar silêncios. “A cultura é um pilar. Um país que não investe nela está a cortar o seu próprio futuro.”

O episódio revelou o legado vivo de uma geração de criadores que não se conforma. Indira Mateta, com a sua presença intensa e a sua voz serena, deixou lições de humanidade e resistência. Mostrou que a arte pode ser refúgio, denúncia e sonho. E lembrou-nos, com doçura e verdade, que cuidar dos artistas é, no fundo, cuidar do país.

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