Há artistas que criam a partir do mundo. Outros, como Binelde Hyrcan, parecem criá-lo. A sua arte não é apenas expressão é extensão. Do corpo, da memória, da geografia emocional que habita e transforma.
Nascido em Angola, formado em design gráfico, Binelde traçou uma rota singular no mapa da arte contemporânea, cruzando territórios físicos e simbólicos com a mesma convicção com que molda uma escultura. Ao longo de uma carreira marcada por desafios e reinvenção, construiu uma linguagem própria, feita de autenticidade, crítica social e um olhar profundamente ligado às suas origens.
Num episódio recente do podcast Taça Cheia, Binelde falou com Sebastião Vemba sobre o seu percurso, os altos e baixos da caminhada artística e a busca constante por um lugar que permita não só criar, mas sonhar em grande. "Estar no meio mesmo", diz ele, comparando a sua busca com a de um músico que vai até à África do Sul em busca do melhor produtor de afrobeat. Não se trata apenas de geografia: trata-se de energia, de contexto, de acesso à estrutura que sustente o sonho.
"Eu nem sei se tenho talento. Eu sou eu mesmo na arte, não tem dois Binelde."
Esta frase resume o cerne do seu processo criativo: fazer da arte um espelho fiel de si mesmo, sem filtros nem máscaras. As suas obras, muitas delas inspiradas na Ilha de Luanda, são quase biográficas. "As minhas obras todas têm a ver com a Ilha. É a minha história própria. Eu não posso desassociar o Binelde de uma peça — é uma extensão minha, de um sonho, de uma caminhada."
Hoje, apesar das dificuldades enfrentadas no início da carreira, Binelde reconhece os avanços. O facto de integrar colecções importantes deu-lhe maior autonomia para criar com liberdade. Conta ainda com o apoio de espaços como a Galeria Jahmekart, que tem desempenhado um papel relevante na valorização e circulação da sua obra.
"A arte é um sonho. Eu sou uma criança que ainda mantém essa imaginação."
A infância, o absurdo e o poder são temas que atravessam as suas criações, do desenho ao filme, da escultura à performance. A sua linguagem é versátil, mas o impulso é sempre o mesmo: provocar, revelar, questionar.
Sobre o panorama artístico em Angola, Binelde reconhece que o mercado está ainda em formação, mas em evolução. Sublinha o surgimento de jovens coleccionadores, actores fundamentais para o crescimento sustentável da cena artística nacional. E acredita que, pouco a pouco, os artistas angolanos estão a conquistar espaço em plataformas internacionais, onde o olhar crítico e curatorial é mais exigente. "Um artista que expõe no MoMA está noutro nível de visibilidade", afirma.
Entre os seus projectos recentes, destaca-se a escultura Yellow Dream, apresentada em 2022 e desenvolvida em colaboração com a Forsman Agency, uma plataforma curatorial que cofundou com Viveka Forman, dedicada ao intercâmbio cultural entre África e os países nórdicos. A peça, já exibida na Galeria 10A, em Luanda, simboliza deslocamento, pertença e utopia, temas que atravessam o universo de Binelde como fios invisíveis de uma cartografia íntima.
Autor de obras como La Reine, New Yorker, Visão e Liberation, o artista prepara agora o lançamento de um livro com desenhos feitos durante uma longa caminhada entre Lisboa e Paris. A obra está prevista para o verão. Em 2026, seguir-se-á um livro de sua autoria e, posteriormente, um documentário.
Binelde Hyrcan não cria apenas arte. Cria narrativas que desafiam o tempo, o lugar e a ideia de identidade. A sua jornada é feita de coragem, autenticidade e uma visão que transforma cada obra num gesto de resistência e beleza.
Há artistas que criam a partir do mundo. Outros, como Binelde Hyrcan, parecem criá-lo. A sua arte não é apenas expressão é extensão. Do corpo, da memória, da geografia emocional que habita e transforma.
Nascido em Angola, formado em design gráfico, Binelde traçou uma rota singular no mapa da arte contemporânea, cruzando territórios físicos e simbólicos com a mesma convicção com que molda uma escultura. Ao longo de uma carreira marcada por desafios e reinvenção, construiu uma linguagem própria, feita de autenticidade, crítica social e um olhar profundamente ligado às suas origens.
Num episódio recente do podcast Taça Cheia, Binelde falou com Sebastião Vemba sobre o seu percurso, os altos e baixos da caminhada artística e a busca constante por um lugar que permita não só criar, mas sonhar em grande. "Estar no meio mesmo", diz ele, comparando a sua busca com a de um músico que vai até à África do Sul em busca do melhor produtor de afrobeat. Não se trata apenas de geografia: trata-se de energia, de contexto, de acesso à estrutura que sustente o sonho.
"Eu nem sei se tenho talento. Eu sou eu mesmo na arte, não tem dois Binelde."
Esta frase resume o cerne do seu processo criativo: fazer da arte um espelho fiel de si mesmo, sem filtros nem máscaras. As suas obras, muitas delas inspiradas na Ilha de Luanda, são quase biográficas. "As minhas obras todas têm a ver com a Ilha. É a minha história própria. Eu não posso desassociar o Binelde de uma peça — é uma extensão minha, de um sonho, de uma caminhada."
Hoje, apesar das dificuldades enfrentadas no início da carreira, Binelde reconhece os avanços. O facto de integrar colecções importantes deu-lhe maior autonomia para criar com liberdade. Conta ainda com o apoio de espaços como a Galeria Jahmekart, que tem desempenhado um papel relevante na valorização e circulação da sua obra.
"A arte é um sonho. Eu sou uma criança que ainda mantém essa imaginação."
A infância, o absurdo e o poder são temas que atravessam as suas criações, do desenho ao filme, da escultura à performance. A sua linguagem é versátil, mas o impulso é sempre o mesmo: provocar, revelar, questionar.
Sobre o panorama artístico em Angola, Binelde reconhece que o mercado está ainda em formação, mas em evolução. Sublinha o surgimento de jovens coleccionadores, actores fundamentais para o crescimento sustentável da cena artística nacional. E acredita que, pouco a pouco, os artistas angolanos estão a conquistar espaço em plataformas internacionais, onde o olhar crítico e curatorial é mais exigente. "Um artista que expõe no MoMA está noutro nível de visibilidade", afirma.
Entre os seus projectos recentes, destaca-se a escultura Yellow Dream, apresentada em 2022 e desenvolvida em colaboração com a Forsman Agency, uma plataforma curatorial que cofundou com Viveka Forman, dedicada ao intercâmbio cultural entre África e os países nórdicos. A peça, já exibida na Galeria 10A, em Luanda, simboliza deslocamento, pertença e utopia, temas que atravessam o universo de Binelde como fios invisíveis de uma cartografia íntima.
Autor de obras como La Reine, New Yorker, Visão e Liberation, o artista prepara agora o lançamento de um livro com desenhos feitos durante uma longa caminhada entre Lisboa e Paris. A obra está prevista para o verão. Em 2026, seguir-se-á um livro de sua autoria e, posteriormente, um documentário.
Binelde Hyrcan não cria apenas arte. Cria narrativas que desafiam o tempo, o lugar e a ideia de identidade. A sua jornada é feita de coragem, autenticidade e uma visão que transforma cada obra num gesto de resistência e beleza.