Biografia

Sebastião Salgado morre aos 81 anos: um olhar que eternizou a humanidade

Sebastião Salgado morre aos 81 anos: um olhar que eternizou a humanidade
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No dia 23 de Maio de 2025, o mundo perdeu Sebastião Salgado, o fotógrafo brasileiro que transformou a lente da sua máquina fotográfica numa poderosa ferramenta de denúncia, de empatia e de celebração da vida humana e da natureza. Aos 81 anos, Salgado deixa um legado monumental para a fotografia documental e para a história da arte, tendo sido responsável por algumas das imagens mais icónicas e comoventes do século XX e do início do século XXI.

Um economista que escolheu falar com imagens

Nascido a 8 de Fevereiro de 1944, em Conceição do Capim, Minas Gerais, Salgado formou-se em Economia, mas foi nas suas viagens ao continente africano, enquanto trabalhava para a Organização Internacional do Café, que descobriu o poder da fotografia para contar histórias mais impactantes do que as estatísticas. “Eu escrevo com a máquina fotográfica”, dizia, assumindo a imagem como linguagem para relatar o sofrimento, a luta, a dignidade e a beleza do ser humano.

O fotógrafo dos invisíveis

Com a sua inseparável máquina e uma estética baseada no preto e branco, Sebastião Salgado mergulhou em temas de profunda carga social: a miséria, os êxodos forçados, o trabalho manual, os povos indígenas e as paisagens ameaçadas pela destruição ambiental. Obcecado por narrativas construídas ao longo do tempo, Salgado não “tirava” fotografias, compunha ensaios visuais. A sua sensibilidade rendeu-lhe parcerias com agências como a Magnum e o reconhecimento de críticos e instituições culturais em todo o mundo.

Obras que são património do mundo

Entre os seus livros mais emblemáticos destacam-se Outras Américas (1986), Trabalhadores (1993), Êxodos (2000) e Génesis (2015). Este último, uma ode à natureza intocada, marca uma viragem na sua carreira após a devastadora experiência de documentar campos de refugiados e zonas de guerra em África, que lhe causou uma profunda crise emocional. O Instituto Terra, criado em conjunto com a esposa, Lélia Wanick Salgado, é também parte do seu legado, uma resposta concreta à degradação ambiental através do reflorestamento de áreas da Mata Atlântica.

Críticas e consagrações

Embora aclamado mundialmente, Salgado enfrentou críticas por parte de alguns intelectuais, que o acusaram de estetizar a dor humana. Contudo, muitos outros reconheceram na sua obra um raro equilíbrio entre estética e ética, entre denúncia e respeito. A sua política de nunca fotografar alguém contra a vontade, aliada ao esforço de construir relações com as comunidades que retratava, evidencia o compromisso humano que sempre orientou o seu trabalho.

O sal da terra

A vida e a obra de Sebastião Salgado foram imortalizadas no documentário O Sal da Terra (2014), realizado por Wim Wenders e pelo seu filho, Juliano Ribeiro Salgado. O filme é uma homenagem a este contador de histórias visuais, que acreditava na capacidade da imagem para transformar consciências.

Sebastião Salgado parte, mas as suas imagens permanecem, como testemunhos do que fomos, do que somos e do que ainda podemos ser.

“A nossa história é a história da comunidade, não da individualidade.” — Sebastião Salgado

6galeria

Gilberto Tadeu

Redactor

Redactor

No dia 23 de Maio de 2025, o mundo perdeu Sebastião Salgado, o fotógrafo brasileiro que transformou a lente da sua máquina fotográfica numa poderosa ferramenta de denúncia, de empatia e de celebração da vida humana e da natureza. Aos 81 anos, Salgado deixa um legado monumental para a fotografia documental e para a história da arte, tendo sido responsável por algumas das imagens mais icónicas e comoventes do século XX e do início do século XXI.

Um economista que escolheu falar com imagens

Nascido a 8 de Fevereiro de 1944, em Conceição do Capim, Minas Gerais, Salgado formou-se em Economia, mas foi nas suas viagens ao continente africano, enquanto trabalhava para a Organização Internacional do Café, que descobriu o poder da fotografia para contar histórias mais impactantes do que as estatísticas. “Eu escrevo com a máquina fotográfica”, dizia, assumindo a imagem como linguagem para relatar o sofrimento, a luta, a dignidade e a beleza do ser humano.

O fotógrafo dos invisíveis

Com a sua inseparável máquina e uma estética baseada no preto e branco, Sebastião Salgado mergulhou em temas de profunda carga social: a miséria, os êxodos forçados, o trabalho manual, os povos indígenas e as paisagens ameaçadas pela destruição ambiental. Obcecado por narrativas construídas ao longo do tempo, Salgado não “tirava” fotografias, compunha ensaios visuais. A sua sensibilidade rendeu-lhe parcerias com agências como a Magnum e o reconhecimento de críticos e instituições culturais em todo o mundo.

Obras que são património do mundo

Entre os seus livros mais emblemáticos destacam-se Outras Américas (1986), Trabalhadores (1993), Êxodos (2000) e Génesis (2015). Este último, uma ode à natureza intocada, marca uma viragem na sua carreira após a devastadora experiência de documentar campos de refugiados e zonas de guerra em África, que lhe causou uma profunda crise emocional. O Instituto Terra, criado em conjunto com a esposa, Lélia Wanick Salgado, é também parte do seu legado, uma resposta concreta à degradação ambiental através do reflorestamento de áreas da Mata Atlântica.

Críticas e consagrações

Embora aclamado mundialmente, Salgado enfrentou críticas por parte de alguns intelectuais, que o acusaram de estetizar a dor humana. Contudo, muitos outros reconheceram na sua obra um raro equilíbrio entre estética e ética, entre denúncia e respeito. A sua política de nunca fotografar alguém contra a vontade, aliada ao esforço de construir relações com as comunidades que retratava, evidencia o compromisso humano que sempre orientou o seu trabalho.

O sal da terra

A vida e a obra de Sebastião Salgado foram imortalizadas no documentário O Sal da Terra (2014), realizado por Wim Wenders e pelo seu filho, Juliano Ribeiro Salgado. O filme é uma homenagem a este contador de histórias visuais, que acreditava na capacidade da imagem para transformar consciências.

Sebastião Salgado parte, mas as suas imagens permanecem, como testemunhos do que fomos, do que somos e do que ainda podemos ser.

“A nossa história é a história da comunidade, não da individualidade.” — Sebastião Salgado

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