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Dicas de Bárbara Barroso para uma gestão participativa do orçamento familiar

Dicas de Bárbara Barroso para uma gestão participativa do orçamento familiar
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Andrade Lino

A empresária portuguesa Bárbara Barroso afirmou que a melhor forma de as mulheres passarem uma educação financeira aos seus filhos é sendo um exemplo, pois “não podem fazer uma coisa e transmitir outra”.

No caso das mães zungueiras, “que muitas vezes têm que fazer uma grande ginástica em termos financeiros”, a também fundadora da MoneyLab, empresa dedicada à formação em Educação Financeira, exortou que as mulheres “falem abertamente com os filhos e procurem conversar com outras mulheres - como participar de clubes de empresárias, em que as mulheres se ajudam umas às outras. É necessário unirem-se cada vez mais, para mais facilmente alcançarem os seus objectivos”.

A formadora, que falou dentro do ciclo de palestras que ocorreram à volta da Feira de Empreendedorismo Feminino Angola 2017, tendo apresentado o tema “Educação Financeira de Mães para Filhos”, exemplificou que quando se fala de dinheiro em casa, geralmente são os homens que ganham mais e assumem essa postura de mandante.

“Em muitos casos, apesar de ser a mulher que faz a gestão do dinheiro para as compras da casa, quem deu o dinheiro foi o marido. E há situações, em algumas sociedades,  em que sempre que tenta gerir o seu próprio dinheiro não é bem vista. Nesse aspecto - e até eu falei inclusivamente com uma das pessoas que participou da palestra, que me contou que ela e o marido têm contas separadas e que ela quis envolver mais o marido mas ele não aceitava - eu sugeri que as mulheres procurem ter uma conta conjunta com os seus maridos e depois cada um pode ter a sua conta separada. Para um caso como este, isso já é um grande passo. Assim, tanto a mulher quanto o homem contribuem para a conta conjunta da casa, mas cada um tem o seu dinheiro e sente-se mais independente”, esclareceu Bárbara Barroso, e realçou que não tentava dizer que isso seja fácil em algumas sociedades, “mas a mulher não se pode subjugar e deve começar a construir o seu espaço. Nas sociedades em que mesmo que uma mulher se veja obrigada a entregar ao marido o que ganha, ela deve tentar, aos poucos, ficar com algum dinheiro para si”.

Envolver os filhos na gestão do orçamento familiar

... "quando vamos a um supermercado, é uma boa oportunidade para pedirmos, por exemplo, a eles que encontrem a massa ou o arroz mais barato, fazer-lhes olhar para os preços, dar-lhes uma lista de compras com uma determinada quantia e ver o que os filhos conseguem fazer"

Especialista em Coaching Financeiro, Bárbara Barroso citou que um dos princípios básicos para a boa gestão do orçamento familiar, e para transmitir uma boa educação financeira aos filhos, é as mães começarem por fazer um orçamento, “porque é necessário terem consciência das suas despesas”, pois só tendo consciência de onde vem e para onde vai o dinheiro “é que se consegue identificar as dificuldades e, desse modo, poder reduzi-las”. Deve-se, de igual modo, envolver os filhos nisso.

“Ou seja, quando vamos a um supermercado, é uma boa oportunidade para pedirmos, por exemplo, para serem eles que encontrem a massa ou o arroz mais barato, fazer-lhes olhar para os preços, dar-lhes uma lista de compras com uma determinada quantia e ver o que os filhos conseguem fazer. Só tendo essa responsabilidade é que vão conseguir perceber como é que se faz essa gestão, e o que é importante para o orçamento da família”, explicou.

Bárbara Barroso explicou ainda que nesse caso em que os pais envolvem os filhos no orçamento familiar, “o que tem que se fazer, em termos práticos, é apontar num caderno, numa folha de Excel ou usar uma aplicação gratuita para identificar todas as despesas, nomeadamente as do supermercado, as dívidas e, enfim, categorizar tudo, para no final do mês ter-se uma fotografia das finanças”. Para a especialista, “é imprescindível” ter-se em conta a questão das dívidas porque só se consegue poupar efectivamente depois de tê-las pagas e as mesmas não devem representar mais de 40% do rendimento das famílias. “Portanto, se nós temos 100.000 AKZ e tivermos mais de 40.000 AKZ de dívida, é um alerta, e temos que começar a pagar essas dívidas primando pela redução de custos, despesas que vamos identificar no orçamento, ou então ter um rendimento extra, para com a diferença conseguirmos gerar poupança para liquidar essas dívidas”, precisou a oradora, tendo acrescentado que para se obter um rendimento extra vai depender da posição em que a pessoa se encontra, isto é, se trabalha para uma empresa ou tem o próprio negócio.

“Mas, imaginando uma pessoa que já trabalhe e precise realmente do rendimento extra, existem formas de uso dos seus talentos.  A título de exemplo, pode abrir páginas no Facebook, vender bolos, bijuterias, etc. Quer dizer, no princípio serve como fonte de um rendimento extra, mas depois pode tornar-se no próprio negócio. Falei aqui do cliente misterioso, que são empresas que contratam pessoas para serem quase actores, por exemplo, ir ao banco, fingir que é um cliente e fazer um relatório. Tivemos exemplos também de pessoas que fazem esse serviço e conseguem esse rendimento, e tudo isso, conciliado com o trabalho, podemos canalizá-lo para poupança”, orientou.

“A necessidade aguça o engenho”

... "em tempos de aperto, até as pessoas com menos dinheiro arranjam formas muito mais rápidas de ajustarem a sua vida em relação aos que ganham mais, têm maior resiliência e capacidade de dar à volta, e é aí onde as pessoas ficam mais despertas para a educação financeira”, afirmou.

Em tempos de crise, curiosamente, continuou a empresária, “é mais fácil ser educado financeiramente, porque, e segundo um ditado que se usa muito em Portugal, a necessidade aguça o engenho”.

“Isso quer dizer que em tempos de aperto, até as pessoas com menos dinheiro arranjam formas muito mais rápidas de ajustarem a sua vida em relação aos que ganham mais, têm maior resiliência e capacidade de dar à volta, e é aí onde as pessoas ficam mais despertas para a educação financeira”, afirmou. Por fim, Bárbara Barroso concluiu que “uma coisa boa que a crise trouxe (embora a crise não seja boa) é despertar as pessoas para a questão das poupanças e educação financeira. E se hoje consegue-se ter as palestras cheias, é por causa disso, pois há algum tempo ninguém queria saber. Hoje as pessoas sabem o que é ter privação e percebem a importância de saberem gerir melhor o seu dinheiro”.

Neuza Pinto, membro da organização da FEF Angola

Por seu turno, Neusa Pinto, uma das organizadoras do evento, que terminou neste domingo último, declarou que durante os dois dias da primeira Feira de Empreendedorismo Feminino de Angola as expectativas foram superadas.

“Pudemos conhecer pessoas muito interessantes e tivemos um leque variado de pessoas que nos visitaram e ao mesmo tempo fizeram parceria com os expositores. Tivemos uma praça de alimentação recheada, e é decerto um evento que nos orgulha a todos, pois estamos cientes de termos realizado uma feira única, jamais vista em Angola”, manifestou.

A ainda membro do Clube das Empresárias afirmou que, “com certeza, as mulheres saem mais confiantes, com mais conhecimento sobre negócio, estratégias, finanças, inteligência emocional, foram tiradas grandes lições”, e prometeu, em nome da organização, fazer mais e melhor, num registo anual, a celebrar o mês do empreendedor, para que o projecto perdure.

Além de uma presença de oradores nacionais e internacionais, a primeira edição da FEF Angola contou com cerca de 85 expositores.

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

A empresária portuguesa Bárbara Barroso afirmou que a melhor forma de as mulheres passarem uma educação financeira aos seus filhos é sendo um exemplo, pois “não podem fazer uma coisa e transmitir outra”.

No caso das mães zungueiras, “que muitas vezes têm que fazer uma grande ginástica em termos financeiros”, a também fundadora da MoneyLab, empresa dedicada à formação em Educação Financeira, exortou que as mulheres “falem abertamente com os filhos e procurem conversar com outras mulheres - como participar de clubes de empresárias, em que as mulheres se ajudam umas às outras. É necessário unirem-se cada vez mais, para mais facilmente alcançarem os seus objectivos”.

A formadora, que falou dentro do ciclo de palestras que ocorreram à volta da Feira de Empreendedorismo Feminino Angola 2017, tendo apresentado o tema “Educação Financeira de Mães para Filhos”, exemplificou que quando se fala de dinheiro em casa, geralmente são os homens que ganham mais e assumem essa postura de mandante.

“Em muitos casos, apesar de ser a mulher que faz a gestão do dinheiro para as compras da casa, quem deu o dinheiro foi o marido. E há situações, em algumas sociedades,  em que sempre que tenta gerir o seu próprio dinheiro não é bem vista. Nesse aspecto - e até eu falei inclusivamente com uma das pessoas que participou da palestra, que me contou que ela e o marido têm contas separadas e que ela quis envolver mais o marido mas ele não aceitava - eu sugeri que as mulheres procurem ter uma conta conjunta com os seus maridos e depois cada um pode ter a sua conta separada. Para um caso como este, isso já é um grande passo. Assim, tanto a mulher quanto o homem contribuem para a conta conjunta da casa, mas cada um tem o seu dinheiro e sente-se mais independente”, esclareceu Bárbara Barroso, e realçou que não tentava dizer que isso seja fácil em algumas sociedades, “mas a mulher não se pode subjugar e deve começar a construir o seu espaço. Nas sociedades em que mesmo que uma mulher se veja obrigada a entregar ao marido o que ganha, ela deve tentar, aos poucos, ficar com algum dinheiro para si”.

Envolver os filhos na gestão do orçamento familiar

... "quando vamos a um supermercado, é uma boa oportunidade para pedirmos, por exemplo, a eles que encontrem a massa ou o arroz mais barato, fazer-lhes olhar para os preços, dar-lhes uma lista de compras com uma determinada quantia e ver o que os filhos conseguem fazer"

Especialista em Coaching Financeiro, Bárbara Barroso citou que um dos princípios básicos para a boa gestão do orçamento familiar, e para transmitir uma boa educação financeira aos filhos, é as mães começarem por fazer um orçamento, “porque é necessário terem consciência das suas despesas”, pois só tendo consciência de onde vem e para onde vai o dinheiro “é que se consegue identificar as dificuldades e, desse modo, poder reduzi-las”. Deve-se, de igual modo, envolver os filhos nisso.

“Ou seja, quando vamos a um supermercado, é uma boa oportunidade para pedirmos, por exemplo, para serem eles que encontrem a massa ou o arroz mais barato, fazer-lhes olhar para os preços, dar-lhes uma lista de compras com uma determinada quantia e ver o que os filhos conseguem fazer. Só tendo essa responsabilidade é que vão conseguir perceber como é que se faz essa gestão, e o que é importante para o orçamento da família”, explicou.

Bárbara Barroso explicou ainda que nesse caso em que os pais envolvem os filhos no orçamento familiar, “o que tem que se fazer, em termos práticos, é apontar num caderno, numa folha de Excel ou usar uma aplicação gratuita para identificar todas as despesas, nomeadamente as do supermercado, as dívidas e, enfim, categorizar tudo, para no final do mês ter-se uma fotografia das finanças”. Para a especialista, “é imprescindível” ter-se em conta a questão das dívidas porque só se consegue poupar efectivamente depois de tê-las pagas e as mesmas não devem representar mais de 40% do rendimento das famílias. “Portanto, se nós temos 100.000 AKZ e tivermos mais de 40.000 AKZ de dívida, é um alerta, e temos que começar a pagar essas dívidas primando pela redução de custos, despesas que vamos identificar no orçamento, ou então ter um rendimento extra, para com a diferença conseguirmos gerar poupança para liquidar essas dívidas”, precisou a oradora, tendo acrescentado que para se obter um rendimento extra vai depender da posição em que a pessoa se encontra, isto é, se trabalha para uma empresa ou tem o próprio negócio.

“Mas, imaginando uma pessoa que já trabalhe e precise realmente do rendimento extra, existem formas de uso dos seus talentos.  A título de exemplo, pode abrir páginas no Facebook, vender bolos, bijuterias, etc. Quer dizer, no princípio serve como fonte de um rendimento extra, mas depois pode tornar-se no próprio negócio. Falei aqui do cliente misterioso, que são empresas que contratam pessoas para serem quase actores, por exemplo, ir ao banco, fingir que é um cliente e fazer um relatório. Tivemos exemplos também de pessoas que fazem esse serviço e conseguem esse rendimento, e tudo isso, conciliado com o trabalho, podemos canalizá-lo para poupança”, orientou.

“A necessidade aguça o engenho”

... "em tempos de aperto, até as pessoas com menos dinheiro arranjam formas muito mais rápidas de ajustarem a sua vida em relação aos que ganham mais, têm maior resiliência e capacidade de dar à volta, e é aí onde as pessoas ficam mais despertas para a educação financeira”, afirmou.

Em tempos de crise, curiosamente, continuou a empresária, “é mais fácil ser educado financeiramente, porque, e segundo um ditado que se usa muito em Portugal, a necessidade aguça o engenho”.

“Isso quer dizer que em tempos de aperto, até as pessoas com menos dinheiro arranjam formas muito mais rápidas de ajustarem a sua vida em relação aos que ganham mais, têm maior resiliência e capacidade de dar à volta, e é aí onde as pessoas ficam mais despertas para a educação financeira”, afirmou. Por fim, Bárbara Barroso concluiu que “uma coisa boa que a crise trouxe (embora a crise não seja boa) é despertar as pessoas para a questão das poupanças e educação financeira. E se hoje consegue-se ter as palestras cheias, é por causa disso, pois há algum tempo ninguém queria saber. Hoje as pessoas sabem o que é ter privação e percebem a importância de saberem gerir melhor o seu dinheiro”.

Neuza Pinto, membro da organização da FEF Angola

Por seu turno, Neusa Pinto, uma das organizadoras do evento, que terminou neste domingo último, declarou que durante os dois dias da primeira Feira de Empreendedorismo Feminino de Angola as expectativas foram superadas.

“Pudemos conhecer pessoas muito interessantes e tivemos um leque variado de pessoas que nos visitaram e ao mesmo tempo fizeram parceria com os expositores. Tivemos uma praça de alimentação recheada, e é decerto um evento que nos orgulha a todos, pois estamos cientes de termos realizado uma feira única, jamais vista em Angola”, manifestou.

A ainda membro do Clube das Empresárias afirmou que, “com certeza, as mulheres saem mais confiantes, com mais conhecimento sobre negócio, estratégias, finanças, inteligência emocional, foram tiradas grandes lições”, e prometeu, em nome da organização, fazer mais e melhor, num registo anual, a celebrar o mês do empreendedor, para que o projecto perdure.

Além de uma presença de oradores nacionais e internacionais, a primeira edição da FEF Angola contou com cerca de 85 expositores.

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