O economista Nataniel Fernandes lamentou o facto de Angola ter adquirido grande quantidade de dívida pública, mas não ter trazido qualidade para o país, realçando que “produzimos cada vez menos” e que “os últimos anos foram de grande recessão, que empobreceu os angolanos”.
O especialista apresentava o programa da UNITA para os próximos 5 anos ligados à economia, por ocasião dum debate sobre “As ideias económicas dos partidos”, promovido pelo Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada de Angola (CINVESTEC), em Luanda, moderado pelo economista Carlos Rosado de Carvalho, onde estiveram representados o MPLA, a FNLA e a CASA-CE, além do “Galo Negro”, quando observou que convém diminuir a dívida pública, bastante, para que nos próximos orçamentos não tenhamos um grande bolo nessa esfera de acção, e controlar cada kwanza, “porque tem havido muito desperdício e muita gente a enriquecer com o Orçamento Geral de Estado”.
Nataniel Fernandes declarou ser o momento em que todos nós, angolanos, temos nas nossas mãos o futuro. “Angola é um país cheio de potencial e com tudo para dar certo. Infelizmente, tivemos anos de desgovernação, que nos levaram ao sofrimento e à pobreza extrema. Mas a hora é agora. Temos o poder nas nossas mãos para meter a nossa economia no carril, com humanidade e amor à nossa terra”, precisou, esclarecendo que, no programa da UNITA, existem vários pilares para levar esse carril a bom porto.
Primeiro, referiu, precisamos de rigor orçamental, que a despesa de Angola seja feita com qualidade, porque se assim não for, jamais teremos eficiência. Militante da UNITA desde 2018 e parte do seu Governo Sombra como ministro do Comércio, a fonte enfatizou ser necessário fazer reformas nas instituições, essencial para o clima económico que se pretende no país. “Angola está na cauda do ambiente de negócios e precisamos mudar isso, democratizando o país, despartidarizando as instituições, porque jamais poderemos vender lá fora o que não conseguimos comprar cá dentro. Quando mudarmos isso, aí sim conseguiremos atrair investimento estrangeiro”, explicou.
Adiante, o representante da UNITA disse ser indispensável trabalhar bastante no sector financeiro, que “está de costas viradas para a economia”, porque para ele o Estado cresceu muito e absorve praticamente tudo que o mercado financeiro tem para oferecer. Os empréstimos que poderiam impulsionar a nossa produção têm ido sistematicamente para os cofres do Governo, através dos empréstimos que a própria economia faz para o nosso Governo, continuou. Considera ser o investimento estrangeiro um dos pilares também importantes para alavancar a nossa economia, não só pelo capital que pode trazer, mas também pela tecnologia, domínio no qual se deve avançar, não só importando, “mas criando também aqui, através do conhecimento, da educação e da formação do homem, que tem sido débil durante anos”.
“Como preparar os homens para os desafios que temos no nosso país, especialmente para explorarmos os recursos que possuímos?”, questionou Nataniel, advertindo ser preciso, por outro lado, combater o desemprego, que é estrutural, pois grande parte da população não está preparada para os desafios que a nossa economia apresenta, defende, e por isso “não podemos andar a passos, temos que correr, reestruturando profundamente aquilo que é a formação, sobretudo no ensino intermédio, para que as pessoas saiam capacitadas desse estágio”.
Caso o seu partido vença as eleições, o político disse que tem como outra aposta o investimento em infra-estruturas, que é essencial no nosso país, e embora acredite ser comum nas aspirações de todos os partidos, defende ser necessário fazê-lo com qualidade. “Nós já desperdiçámos muito, se falarmos de quanto já foi gasto para «infraestruturar» o país… É incrível não termos as infra-estruturas de qualidade que realmente necessitamos”, lamentou.
Num parêntese, o convidado asseverou que, para se traçar aquilo que será o futuro, é preciso avaliar o que foi feito no passado, e avaliando, pode-se ver que, nos 45 anos de Independência, a nossa economia pouco evoluiu. “Vivemos um período de guerra, mas nesses 20 anos de Paz, os angolanos ficaram mais empobrecidos. Nos últimos 5 anos, que de certa forma trouxeram-nos alguma esperança no início, pouco se fez. Cabe a todos os angolanos pensar se vale continuarmos a fazer o mesmo, com os resultados que já nos apresentam, ou se vamos fazer diferente. E fazer diferente significa levar de novo a esperança aos angolanos, porque a esperança foi tirada do povo. Não podemos fazer nada, em termos económicos, se os angolanos não ganharem essa esperança novamente. Durante esse tempo, ouvimos muitos planos bonitos e que pareciam exequíveis, falharam todos eles na concretização. Não conheço um único plano que tenha sido realmente positivo. Falhámos na liderança e implementação desses programas. Não temos mais tempo para falhar na implementação de qualquer coisa. É a altura de os angolanos acreditarem, meterem mãos à obra para termos uma liderança que mude o sistema económico de Angola, que muito tem a ver com a qualidade das nossas despesas”, exortou.
Entretanto, Nataniel Fernandes disse que foi gasto mais de 30 mil milhões de dólares em estradas, mas não é com qualidade que se efectuou essa despesa. No seu entender, a qualidade da despesa implica meter um bolo muito maior na educação, deplorando o facto de durante anos a nossa política não ter sido voltada para o homem, sendo que a educação e a saúde são parentes pobres. “Vai a uma escola pública e visita a casa de banho. Se não conseguimos pôr a casa de banho a funcionar numa escola pública primária, que tipo de educação queremos dar às nossas crianças? Não há educação nessas condições deploráveis e é incrível a quantidade de coisas que ainda se precisam mudar. Temos que falar da qualidade da educação e das reformas que a educação precisa, mas isso numa discussão com todos os angolanos. A educação precisa ser muito mais profissionalizada. As pessoas precisam sair com capacidade já do ensino médio, os politécnicos têm que funcionar de facto e trazer quadros de qualidade à saída dos politécnicos, estes que se devem adaptar às regiões em que estão inseridos, explorar os seus recursos. Já se passaram 45 anos e não vimos nada disso, já vimos que o resultado tem sido um falhanço gritante e é altura de mudarmos isso”, assinalou.
Ainda no tocante aos planos económicos do seu partido, afirmou que, em termos orçamentais, a educação e a saúde precisam crescer gradualmente, um crescimento que não pode ser imediato. Disse que a meta é chegar a pelo menos 10% na saúde, nos próximos orçamentos gerais, e chegar a 15% na educação. Uma das coisas que é essencial modificar é que grande parte servirá para pagar a dívida pública, fez saber.
Falando ainda da saúde, manifestou repulsa ao facto de não haver brigadas sanitárias que visitem as pessoas e que, nas comunidades, façam o combate àquilo que são os grandes vectores de doença em Angola. “Estamos a falar de saúde, e depois ninguém consegue beber água na sua torneira. Falamos de saúde, mas há bairros sem água. A saúde está invertida. Estamos a pensar na saúde através dos hospitais que não funcionam, porque os sistemas desses também não funcionam. Precisamos pensar nas pessoas e governar para as pessoas, o que implica poder beber água da torneira, quando não se pode comprar água mineral. Não temos brigadas sanitárias que visitem as comunidades e combatam o paludismo nessas localidades, sequer temos o registo dos infectados pelas doenças ou o sistema de saúde a funcionar de maneira que o cidadão saiba quem é o seu médico. Grande parte do que é essencial, não temos, apenas coisas bonitas de inaugurar e cortar a fita, como o Hospital Dom Alexandre do Nascimento”, criticou.
No decorrer da sua apresentação, o economista realçou que o grande problema é que o paradigma está invertido, pois não se trata do que se fez, mas do que saiu dali. “Podemos ter construído escolas e hospitais, mas a formação continua debilitada e as pessoas continuam a morrer por menos nos hospitais. Precisamos primeiro mudar o sistema, para que depois essas infra-estruturas tragam o output, que são melhor saúde, mais quadros, porque é isso que nós precisamos. Continuamos a dizer que construímos estradas ou contratámos professores, mas quando queremos fazer uma estrada, importamos quadros”, apontou a fonte, tendo declarado não haver, que saiba, um único sector aqui em Angola em que sejam os angolanos a fazer as coisas.
Nesse sentido, para ele, é o output que está a falhar. “Até estrangeiros fazem a iluminação nas estradas. É uma coisa simples, que nós falhamos em capacitar o angolano a fazer. Não podemos continuar nesse tipo de coisas. Precisamos realmente de fazer a mudança”, reforçou.
O economista Nataniel Fernandes lamentou o facto de Angola ter adquirido grande quantidade de dívida pública, mas não ter trazido qualidade para o país, realçando que “produzimos cada vez menos” e que “os últimos anos foram de grande recessão, que empobreceu os angolanos”.
O especialista apresentava o programa da UNITA para os próximos 5 anos ligados à economia, por ocasião dum debate sobre “As ideias económicas dos partidos”, promovido pelo Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada de Angola (CINVESTEC), em Luanda, moderado pelo economista Carlos Rosado de Carvalho, onde estiveram representados o MPLA, a FNLA e a CASA-CE, além do “Galo Negro”, quando observou que convém diminuir a dívida pública, bastante, para que nos próximos orçamentos não tenhamos um grande bolo nessa esfera de acção, e controlar cada kwanza, “porque tem havido muito desperdício e muita gente a enriquecer com o Orçamento Geral de Estado”.
Nataniel Fernandes declarou ser o momento em que todos nós, angolanos, temos nas nossas mãos o futuro. “Angola é um país cheio de potencial e com tudo para dar certo. Infelizmente, tivemos anos de desgovernação, que nos levaram ao sofrimento e à pobreza extrema. Mas a hora é agora. Temos o poder nas nossas mãos para meter a nossa economia no carril, com humanidade e amor à nossa terra”, precisou, esclarecendo que, no programa da UNITA, existem vários pilares para levar esse carril a bom porto.
Primeiro, referiu, precisamos de rigor orçamental, que a despesa de Angola seja feita com qualidade, porque se assim não for, jamais teremos eficiência. Militante da UNITA desde 2018 e parte do seu Governo Sombra como ministro do Comércio, a fonte enfatizou ser necessário fazer reformas nas instituições, essencial para o clima económico que se pretende no país. “Angola está na cauda do ambiente de negócios e precisamos mudar isso, democratizando o país, despartidarizando as instituições, porque jamais poderemos vender lá fora o que não conseguimos comprar cá dentro. Quando mudarmos isso, aí sim conseguiremos atrair investimento estrangeiro”, explicou.
Adiante, o representante da UNITA disse ser indispensável trabalhar bastante no sector financeiro, que “está de costas viradas para a economia”, porque para ele o Estado cresceu muito e absorve praticamente tudo que o mercado financeiro tem para oferecer. Os empréstimos que poderiam impulsionar a nossa produção têm ido sistematicamente para os cofres do Governo, através dos empréstimos que a própria economia faz para o nosso Governo, continuou. Considera ser o investimento estrangeiro um dos pilares também importantes para alavancar a nossa economia, não só pelo capital que pode trazer, mas também pela tecnologia, domínio no qual se deve avançar, não só importando, “mas criando também aqui, através do conhecimento, da educação e da formação do homem, que tem sido débil durante anos”.
“Como preparar os homens para os desafios que temos no nosso país, especialmente para explorarmos os recursos que possuímos?”, questionou Nataniel, advertindo ser preciso, por outro lado, combater o desemprego, que é estrutural, pois grande parte da população não está preparada para os desafios que a nossa economia apresenta, defende, e por isso “não podemos andar a passos, temos que correr, reestruturando profundamente aquilo que é a formação, sobretudo no ensino intermédio, para que as pessoas saiam capacitadas desse estágio”.
Caso o seu partido vença as eleições, o político disse que tem como outra aposta o investimento em infra-estruturas, que é essencial no nosso país, e embora acredite ser comum nas aspirações de todos os partidos, defende ser necessário fazê-lo com qualidade. “Nós já desperdiçámos muito, se falarmos de quanto já foi gasto para «infraestruturar» o país… É incrível não termos as infra-estruturas de qualidade que realmente necessitamos”, lamentou.
Num parêntese, o convidado asseverou que, para se traçar aquilo que será o futuro, é preciso avaliar o que foi feito no passado, e avaliando, pode-se ver que, nos 45 anos de Independência, a nossa economia pouco evoluiu. “Vivemos um período de guerra, mas nesses 20 anos de Paz, os angolanos ficaram mais empobrecidos. Nos últimos 5 anos, que de certa forma trouxeram-nos alguma esperança no início, pouco se fez. Cabe a todos os angolanos pensar se vale continuarmos a fazer o mesmo, com os resultados que já nos apresentam, ou se vamos fazer diferente. E fazer diferente significa levar de novo a esperança aos angolanos, porque a esperança foi tirada do povo. Não podemos fazer nada, em termos económicos, se os angolanos não ganharem essa esperança novamente. Durante esse tempo, ouvimos muitos planos bonitos e que pareciam exequíveis, falharam todos eles na concretização. Não conheço um único plano que tenha sido realmente positivo. Falhámos na liderança e implementação desses programas. Não temos mais tempo para falhar na implementação de qualquer coisa. É a altura de os angolanos acreditarem, meterem mãos à obra para termos uma liderança que mude o sistema económico de Angola, que muito tem a ver com a qualidade das nossas despesas”, exortou.
Entretanto, Nataniel Fernandes disse que foi gasto mais de 30 mil milhões de dólares em estradas, mas não é com qualidade que se efectuou essa despesa. No seu entender, a qualidade da despesa implica meter um bolo muito maior na educação, deplorando o facto de durante anos a nossa política não ter sido voltada para o homem, sendo que a educação e a saúde são parentes pobres. “Vai a uma escola pública e visita a casa de banho. Se não conseguimos pôr a casa de banho a funcionar numa escola pública primária, que tipo de educação queremos dar às nossas crianças? Não há educação nessas condições deploráveis e é incrível a quantidade de coisas que ainda se precisam mudar. Temos que falar da qualidade da educação e das reformas que a educação precisa, mas isso numa discussão com todos os angolanos. A educação precisa ser muito mais profissionalizada. As pessoas precisam sair com capacidade já do ensino médio, os politécnicos têm que funcionar de facto e trazer quadros de qualidade à saída dos politécnicos, estes que se devem adaptar às regiões em que estão inseridos, explorar os seus recursos. Já se passaram 45 anos e não vimos nada disso, já vimos que o resultado tem sido um falhanço gritante e é altura de mudarmos isso”, assinalou.
Ainda no tocante aos planos económicos do seu partido, afirmou que, em termos orçamentais, a educação e a saúde precisam crescer gradualmente, um crescimento que não pode ser imediato. Disse que a meta é chegar a pelo menos 10% na saúde, nos próximos orçamentos gerais, e chegar a 15% na educação. Uma das coisas que é essencial modificar é que grande parte servirá para pagar a dívida pública, fez saber.
Falando ainda da saúde, manifestou repulsa ao facto de não haver brigadas sanitárias que visitem as pessoas e que, nas comunidades, façam o combate àquilo que são os grandes vectores de doença em Angola. “Estamos a falar de saúde, e depois ninguém consegue beber água na sua torneira. Falamos de saúde, mas há bairros sem água. A saúde está invertida. Estamos a pensar na saúde através dos hospitais que não funcionam, porque os sistemas desses também não funcionam. Precisamos pensar nas pessoas e governar para as pessoas, o que implica poder beber água da torneira, quando não se pode comprar água mineral. Não temos brigadas sanitárias que visitem as comunidades e combatam o paludismo nessas localidades, sequer temos o registo dos infectados pelas doenças ou o sistema de saúde a funcionar de maneira que o cidadão saiba quem é o seu médico. Grande parte do que é essencial, não temos, apenas coisas bonitas de inaugurar e cortar a fita, como o Hospital Dom Alexandre do Nascimento”, criticou.
No decorrer da sua apresentação, o economista realçou que o grande problema é que o paradigma está invertido, pois não se trata do que se fez, mas do que saiu dali. “Podemos ter construído escolas e hospitais, mas a formação continua debilitada e as pessoas continuam a morrer por menos nos hospitais. Precisamos primeiro mudar o sistema, para que depois essas infra-estruturas tragam o output, que são melhor saúde, mais quadros, porque é isso que nós precisamos. Continuamos a dizer que construímos estradas ou contratámos professores, mas quando queremos fazer uma estrada, importamos quadros”, apontou a fonte, tendo declarado não haver, que saiba, um único sector aqui em Angola em que sejam os angolanos a fazer as coisas.
Nesse sentido, para ele, é o output que está a falhar. “Até estrangeiros fazem a iluminação nas estradas. É uma coisa simples, que nós falhamos em capacitar o angolano a fazer. Não podemos continuar nesse tipo de coisas. Precisamos realmente de fazer a mudança”, reforçou.