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Crítica

“Não é possível viver da poesia”, considera Ngonguita Diogo

“Não é possível viver da poesia”, considera Ngonguita Diogo
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Andrade Lino

A escritora angolana Ngonguita Diogo considerou, na semana passada, em Luanda, que não é possível viver da poesia, pois “é uma arte que cativa poucos” e, em Angola, particularmente, acrescentou que, enquanto não se trabalhar insistentemente no incentivo à leitura e no gosto pela literatura, a poesia jamais poderá sustentar os seus fazedores.

A também poetisa falava no âmbito da 5ª Conferência Nacional sobre Literatura Angola, promovida pelo Movimento Literário Lev´Arte e que aconteceu no Cefojor (Centro de Formação de Jornalistas), quando então realçou que as pessoas têm que sentir a urgência de embarcar para a busca do conhecimento.

“Trata-se de uma responsabilidade de todos nós, mas, fundamentalmente, dos pais, porque isso tem que começar a ser trabalhado em casa. Ou seja, tão logo a criança nasce, os pais devem já começar a ler para ela, porque enquanto pequenina, os pais, ao lerem as histórias infantis, pode parecer que ela não está a perceber nada, mas está a reter alguma coisa”, explicou, em entrevista ao ONgoma, tendo continuado que “aos 4 anos de idade a criança já terá desenvolvido uma capacidade de compreensão maior, para que aos 7 anos de idade, no máximo, já consiga ler coisas sozinhas.

No entanto, frisou que “ali, nós vamos ver que, certamente, a criança tornar-se-á num (a) jovem bastante interessado (a) pela literatura, e sublinhou que é quando se conseguir isso que a venda dos livros poderá ter um rendimento maior, sendo que há um desinteresse total por parte da comunidade em adquiri-los.

“Eu tenho estado a perceber que poucos nos conhecem e poucos ainda têm interesse em conhecer-nos, porque seriam tão bom se fosse como na música, que é só passar por um sítio e todo mundo conhece o artista”, lamentou, tendo dito ainda que “enquanto nós, angolanos, não ultrapassarmos esta grande dificuldade, com certeza continuaremos estagnados”.

Porém, para tal, reiterou Ngonguita Diogo, deve-se começar do berço. “Nós precisamos educar os nossos filhos para potência para esta arte”, alertou, e apelou também aos governantes no sentido de fazerem um trabalho rígido, sendo como exemplo “levar escritores às festividades nacionais, onde congregam outros artistas”.

“Imaginemos que se está a comemorar o Dia da Cidade de Benguela, o próprio Governo em si, que tem uma cabimentação financeira para a festa ou os empresários que estejam dispostos a colaborar, que comprem livros e ofereçam, chamem os escritores para os autógrafos e assim os citadinos acabam por conhecer e interagir com os autores. E esta é a oferta do Governo que precisamos, porque deve trabalhar também para que haja de facto um desenvolvimento intelectual, o que é fundamental para o desenvolvimento social de um país”, incitou.

Finalmente, a autora afirmou que não há motivação e que é desolador perceber que um evento como a Conferência Nacional Sobre Literatura Angola, com um grande envolvimento emocional e financeiro não tenha grandes resultados, e porque também “a imprensa não cria grandes momentos para a divulgação desses programas”.

“É fundamental, e isto falo para a nova presidência, que se aposte em programas para o incentivo à leitura, programas para a divulgação da literatura, para que se conheçam os escritores, suas motivações e o que escrevem, até porque a nossa linguagem é a mesma. Portanto, leiam, que ler é fundamental para o desenvolvimento intelectual de um cidadão, e porque é através da leitura que desenvolvemos a nossa interpretação e assim vamos conseguir compreender mais uma série de factores com certeza”, aconselhou.

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

A escritora angolana Ngonguita Diogo considerou, na semana passada, em Luanda, que não é possível viver da poesia, pois “é uma arte que cativa poucos” e, em Angola, particularmente, acrescentou que, enquanto não se trabalhar insistentemente no incentivo à leitura e no gosto pela literatura, a poesia jamais poderá sustentar os seus fazedores.

A também poetisa falava no âmbito da 5ª Conferência Nacional sobre Literatura Angola, promovida pelo Movimento Literário Lev´Arte e que aconteceu no Cefojor (Centro de Formação de Jornalistas), quando então realçou que as pessoas têm que sentir a urgência de embarcar para a busca do conhecimento.

“Trata-se de uma responsabilidade de todos nós, mas, fundamentalmente, dos pais, porque isso tem que começar a ser trabalhado em casa. Ou seja, tão logo a criança nasce, os pais devem já começar a ler para ela, porque enquanto pequenina, os pais, ao lerem as histórias infantis, pode parecer que ela não está a perceber nada, mas está a reter alguma coisa”, explicou, em entrevista ao ONgoma, tendo continuado que “aos 4 anos de idade a criança já terá desenvolvido uma capacidade de compreensão maior, para que aos 7 anos de idade, no máximo, já consiga ler coisas sozinhas.

No entanto, frisou que “ali, nós vamos ver que, certamente, a criança tornar-se-á num (a) jovem bastante interessado (a) pela literatura, e sublinhou que é quando se conseguir isso que a venda dos livros poderá ter um rendimento maior, sendo que há um desinteresse total por parte da comunidade em adquiri-los.

“Eu tenho estado a perceber que poucos nos conhecem e poucos ainda têm interesse em conhecer-nos, porque seriam tão bom se fosse como na música, que é só passar por um sítio e todo mundo conhece o artista”, lamentou, tendo dito ainda que “enquanto nós, angolanos, não ultrapassarmos esta grande dificuldade, com certeza continuaremos estagnados”.

Porém, para tal, reiterou Ngonguita Diogo, deve-se começar do berço. “Nós precisamos educar os nossos filhos para potência para esta arte”, alertou, e apelou também aos governantes no sentido de fazerem um trabalho rígido, sendo como exemplo “levar escritores às festividades nacionais, onde congregam outros artistas”.

“Imaginemos que se está a comemorar o Dia da Cidade de Benguela, o próprio Governo em si, que tem uma cabimentação financeira para a festa ou os empresários que estejam dispostos a colaborar, que comprem livros e ofereçam, chamem os escritores para os autógrafos e assim os citadinos acabam por conhecer e interagir com os autores. E esta é a oferta do Governo que precisamos, porque deve trabalhar também para que haja de facto um desenvolvimento intelectual, o que é fundamental para o desenvolvimento social de um país”, incitou.

Finalmente, a autora afirmou que não há motivação e que é desolador perceber que um evento como a Conferência Nacional Sobre Literatura Angola, com um grande envolvimento emocional e financeiro não tenha grandes resultados, e porque também “a imprensa não cria grandes momentos para a divulgação desses programas”.

“É fundamental, e isto falo para a nova presidência, que se aposte em programas para o incentivo à leitura, programas para a divulgação da literatura, para que se conheçam os escritores, suas motivações e o que escrevem, até porque a nossa linguagem é a mesma. Portanto, leiam, que ler é fundamental para o desenvolvimento intelectual de um cidadão, e porque é através da leitura que desenvolvemos a nossa interpretação e assim vamos conseguir compreender mais uma série de factores com certeza”, aconselhou.

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