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Passaportes africanos ganham espaço global apesar dos desafios

Passaportes africanos ganham espaço global apesar dos desafios
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Num mundo cada vez mais marcado por barreiras e pontes invisíveis, o poder de um passaporte continua a ditar os caminhos abertos ou fechados aos cidadãos de cada país. A mais recente atualização do Henley Passport Index, disponibilizado esta terça-feira, 23 de Julho, volta a revelar profundas desigualdades de mobilidade, também entre os países africanos.

O passaporte mais poderoso de África é o das Seicheles, com acesso livre ou facilitado a 154 destinos, colocando o arquipélago na 27.ª posição global. Em seguida surgem as Maurícias e a África do Sul, com passaportes que garantem entrada sem visto em 150 e 108 países, respetivamente. Estes três países representam os exemplos mais sólidos de mobilidade africana no cenário internacional.

Outros passaportes do continente, no entanto, enfrentam restrições mais severas. A Nigéria, que detém a maior economia africana, permite o acesso a apenas 45 países sem visto. O passaporte angolano, por sua vez, garante entrada livre em 47 países, um número modesto, mas que reflecte alguma diversidade geográfica: entre os destinos estão nações caribenhas como Barbados e Dominica, africanas como Cabo Verde, Senegal e Moçambique, e países da Oceania como Fiji, Vanuatu e Papua-Nova Guiné.

Angola e a Estratégia da Reciprocidade

Se por um lado a mobilidade internacional dos cidadãos angolanos é limitada, por outro, Angola procura abrir as suas fronteiras ao mundo. Actualmente, cidadãos de 98 países podem entrar em território angolano sem necessidade de visto para fins turísticos, com estadias até 30 dias por visita e 90 dias por ano. A lista inclui países como Portugal, Brasil, Rússia, Emirados Árabes Unidos, China e diversas nações africanas e asiáticas.

Esta medida visa reforçar o turismo e estimular a cooperação económica e cultural. A lista completa de países abrangidos consta no Decreto Presidencial n.º 189/23, de 29 de Setembro de 2023. Para fins como trabalho, estudo ou tratamento médico, mantém-se a obrigatoriedade de visto específico.

África Num Índice Global Desigual

O Henley Passport Index classifica os passaportes com base no número de destinos que permitem entrada sem visto prévio. No topo do ranking está Singapura, com acesso a 193 países, seguida por Japão e Coreia do Sul. A diferença entre Singapura e o Afeganistão, que ocupa o último lugar com apenas 25 destinos acessíveis, é de 168 países, um abismo que também se sente em África.

A mobilidade africana, ainda fortemente condicionada por factores históricos, económicos e diplomáticos, mostra tímidos sinais de evolução. Os Emirados Árabes Unidos, que subiram 34 posições na última década, são frequentemente citados como modelo de diplomacia de passaportes. No contexto africano, essa transformação ainda está por acontecer, mas as mudanças iniciadas por países como Angola sinalizam um novo caminho.

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Veloso de Almeida

Repórter

Veloso estudou Comunicação Social no Instituto Superior Técnico de Angola (ISTA) e estagia como jornalista no portal ONgoma News.

Num mundo cada vez mais marcado por barreiras e pontes invisíveis, o poder de um passaporte continua a ditar os caminhos abertos ou fechados aos cidadãos de cada país. A mais recente atualização do Henley Passport Index, disponibilizado esta terça-feira, 23 de Julho, volta a revelar profundas desigualdades de mobilidade, também entre os países africanos.

O passaporte mais poderoso de África é o das Seicheles, com acesso livre ou facilitado a 154 destinos, colocando o arquipélago na 27.ª posição global. Em seguida surgem as Maurícias e a África do Sul, com passaportes que garantem entrada sem visto em 150 e 108 países, respetivamente. Estes três países representam os exemplos mais sólidos de mobilidade africana no cenário internacional.

Outros passaportes do continente, no entanto, enfrentam restrições mais severas. A Nigéria, que detém a maior economia africana, permite o acesso a apenas 45 países sem visto. O passaporte angolano, por sua vez, garante entrada livre em 47 países, um número modesto, mas que reflecte alguma diversidade geográfica: entre os destinos estão nações caribenhas como Barbados e Dominica, africanas como Cabo Verde, Senegal e Moçambique, e países da Oceania como Fiji, Vanuatu e Papua-Nova Guiné.

Angola e a Estratégia da Reciprocidade

Se por um lado a mobilidade internacional dos cidadãos angolanos é limitada, por outro, Angola procura abrir as suas fronteiras ao mundo. Actualmente, cidadãos de 98 países podem entrar em território angolano sem necessidade de visto para fins turísticos, com estadias até 30 dias por visita e 90 dias por ano. A lista inclui países como Portugal, Brasil, Rússia, Emirados Árabes Unidos, China e diversas nações africanas e asiáticas.

Esta medida visa reforçar o turismo e estimular a cooperação económica e cultural. A lista completa de países abrangidos consta no Decreto Presidencial n.º 189/23, de 29 de Setembro de 2023. Para fins como trabalho, estudo ou tratamento médico, mantém-se a obrigatoriedade de visto específico.

África Num Índice Global Desigual

O Henley Passport Index classifica os passaportes com base no número de destinos que permitem entrada sem visto prévio. No topo do ranking está Singapura, com acesso a 193 países, seguida por Japão e Coreia do Sul. A diferença entre Singapura e o Afeganistão, que ocupa o último lugar com apenas 25 destinos acessíveis, é de 168 países, um abismo que também se sente em África.

A mobilidade africana, ainda fortemente condicionada por factores históricos, económicos e diplomáticos, mostra tímidos sinais de evolução. Os Emirados Árabes Unidos, que subiram 34 posições na última década, são frequentemente citados como modelo de diplomacia de passaportes. No contexto africano, essa transformação ainda está por acontecer, mas as mudanças iniciadas por países como Angola sinalizam um novo caminho.

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