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“Vamos começar a ter players mais dedicados à actividade de intermediação financeira”, considera Assis da Paixão

“Vamos começar a ter players mais dedicados à actividade de intermediação financeira”, considera Assis da Paixão
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Andrade Lino

O CEO da Lwei Brokers, uma correctora angolana de valores mobiliários, considera que, com a transição dos serviços de investimento da banca para instituições financeiras não bancárias, haverá players “um pouco mais dedicados àquilo que é a actividade de intermediação financeira”, contando com uma actividade muito mais robusta e mais desenvolvida.

Assis da Paixão, que foi convidado no debate sobre “A transição dos serviços de actividade da banca de investimento para as correctoras”, promovido pelo Clube da Micha e que teve lugar no final do mês passado, na Academia BAI, disse ser muito importante percebermos qual é a verdadeira mensagem que este novo modelo, estabelecido pelos órgãos estipuladores e gestores da bolsa, pretendem nos passar. “Eu vejo aqui uma mensagem que vem muito em linha com a necessidade de dinamizar o mercado, pois esse modelo acaba por transferir os serviços de actividades de investimento, que dizer, custódia e negociação de valores mobiliários de instituições financeiras bancárias para instituições financeiras não bancárias”.

Como argumentou o gestor, os bancos eram conhecidos historicamente por focarem muito a sua actividade em investimentos de título de tesouro, o que no fundo tornava o processo de financiamento, a economia real, um bocadinho desafiador. “Claramente, do lado da BODIVA, teremos uma quebra temporária naquilo que são os dashboardes e os números que são apresentados, mas isso é muito natural quando estamos num processo transição, de mudança, e entretanto poderemos ter aqui uma nova segmentação daquilo que são as actividades em valores mobiliários”, frisou.

Todavia, “existe aqui uma fraca literacia financeira”, disse, sendo um dos principais desafios e crê que a actuação de todos os players está muito voltada para aquilo que é a promoção da literacia financeira, a facilitação dos acessos não só ao sistema financeiro mas ao mercado de capitais em específico. “Naturalmente, podermos aqui dar as possibilidades às correctoras e distribuidoras de no fundo competirem, não directamente com os bancos, mas poderemos ter aqui um ambiente um bocadinho mais justo, e que também permita que outros agentes especializados em algumas actividades possam no fundo demonstrar aquilo que é o seu potencial”, defendeu Assis.

Questionado sobre qual vai ser a diferença fundamental entre o que já faziam as instituições financeiras bancárias e o que os operadores agora ligados ao mercado de capitais se propõem a fazer, o convidado afirmou que, numa linguagem muito simples, significa que o processo de compra e venda de instrumentos financeiros, incluindo a custódia ou a guarda, deixará de ser fornecido pelos bancos e passará a ser uma actividade única e exclusivamente explorada por instituições financeiras não bancárias, no caso, as correctoras ou distribuidoras.

Para o cliente final, acrescentou, isso significa que, “se tem título de tesouros neste momento custudiados em bancos ou se pretende de ver a sua conta custódia aberta e naturalmente poder então ter acesso aos mercados de capitais, terá necessariamente de contactar um intermediário financeiro que não seja um banco”.

Esclareceu então que, historicamente, “os bancos acabam por ser conhecidos por viverem um momento de conflito de interesses muito constante pelo facto de estarem indecisos entre conceder crédito ou facilitarem o acesso dos seus clientes à bolsa, quando naturalmente eles por si só poderiam vender depósito a prazo mais barato e por trás dessa operação investir esse mesmo montante a um risco muito reduzido e uma rentabilidade bem maior”.

No caso das correctoras, são intermediários financeiros, uma espécie de “micheiros”, que no fundo permitem que pessoas e empresas possam olhar para as oportunidades que existem no mercado para rentabilizar as suas poupanças, “e esses são os agentes credenciados e autorizados para lhes oferecer a melhor jornada de investimento, apresentar as melhores propostas para que todos nós possamos então rentabilizar com as nossas poupanças”.

Mas naturalmente existe uma diferença entre as correctoras e as distribuidoras, sublinhou Assis da Paixão, que é relativamente a actividade que desempenham e a forma como desempenham. Existem no processo de consultoria de investimentos e bancas de investimentos algumas limitações para ambas instituições na actuação, disse.

“Nós, enquanto correctora, podemos apoiar na preparação do prospecto, da elaboração de estudos, na avaliação global dos projectos, mas naturalmente existe aqui um factor que é muito importante, que é a garantia da operação e isso só poderá ser prestado por entidades que tenham na sua actividade gestão discricionária e que tenham também a oferta como principal actividade, que é o caso também das distribuidoras e dos bancos”, clareou.

Ainda no caso da sua organização, pode apoiar no processo todo. “Mas na altura de se fazer efectivamente a emissão e o registo do valor mobiliário, vai ser necessário aqui a parceria com uma instituição financeira bancária, para poder então fazer primeiro a guarda, o depósito e o processo de liquidação e garantia também das operações”, concluiu.

Foram ainda convidados Raúl Diniz (BODIVA), Juceline Paquete (CMC) e Celestina Neto (Áurea SDVM), num encontro moderado por Tirso Figueira.

*Com Ylson Menezes

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

O CEO da Lwei Brokers, uma correctora angolana de valores mobiliários, considera que, com a transição dos serviços de investimento da banca para instituições financeiras não bancárias, haverá players “um pouco mais dedicados àquilo que é a actividade de intermediação financeira”, contando com uma actividade muito mais robusta e mais desenvolvida.

Assis da Paixão, que foi convidado no debate sobre “A transição dos serviços de actividade da banca de investimento para as correctoras”, promovido pelo Clube da Micha e que teve lugar no final do mês passado, na Academia BAI, disse ser muito importante percebermos qual é a verdadeira mensagem que este novo modelo, estabelecido pelos órgãos estipuladores e gestores da bolsa, pretendem nos passar. “Eu vejo aqui uma mensagem que vem muito em linha com a necessidade de dinamizar o mercado, pois esse modelo acaba por transferir os serviços de actividades de investimento, que dizer, custódia e negociação de valores mobiliários de instituições financeiras bancárias para instituições financeiras não bancárias”.

Como argumentou o gestor, os bancos eram conhecidos historicamente por focarem muito a sua actividade em investimentos de título de tesouro, o que no fundo tornava o processo de financiamento, a economia real, um bocadinho desafiador. “Claramente, do lado da BODIVA, teremos uma quebra temporária naquilo que são os dashboardes e os números que são apresentados, mas isso é muito natural quando estamos num processo transição, de mudança, e entretanto poderemos ter aqui uma nova segmentação daquilo que são as actividades em valores mobiliários”, frisou.

Todavia, “existe aqui uma fraca literacia financeira”, disse, sendo um dos principais desafios e crê que a actuação de todos os players está muito voltada para aquilo que é a promoção da literacia financeira, a facilitação dos acessos não só ao sistema financeiro mas ao mercado de capitais em específico. “Naturalmente, podermos aqui dar as possibilidades às correctoras e distribuidoras de no fundo competirem, não directamente com os bancos, mas poderemos ter aqui um ambiente um bocadinho mais justo, e que também permita que outros agentes especializados em algumas actividades possam no fundo demonstrar aquilo que é o seu potencial”, defendeu Assis.

Questionado sobre qual vai ser a diferença fundamental entre o que já faziam as instituições financeiras bancárias e o que os operadores agora ligados ao mercado de capitais se propõem a fazer, o convidado afirmou que, numa linguagem muito simples, significa que o processo de compra e venda de instrumentos financeiros, incluindo a custódia ou a guarda, deixará de ser fornecido pelos bancos e passará a ser uma actividade única e exclusivamente explorada por instituições financeiras não bancárias, no caso, as correctoras ou distribuidoras.

Para o cliente final, acrescentou, isso significa que, “se tem título de tesouros neste momento custudiados em bancos ou se pretende de ver a sua conta custódia aberta e naturalmente poder então ter acesso aos mercados de capitais, terá necessariamente de contactar um intermediário financeiro que não seja um banco”.

Esclareceu então que, historicamente, “os bancos acabam por ser conhecidos por viverem um momento de conflito de interesses muito constante pelo facto de estarem indecisos entre conceder crédito ou facilitarem o acesso dos seus clientes à bolsa, quando naturalmente eles por si só poderiam vender depósito a prazo mais barato e por trás dessa operação investir esse mesmo montante a um risco muito reduzido e uma rentabilidade bem maior”.

No caso das correctoras, são intermediários financeiros, uma espécie de “micheiros”, que no fundo permitem que pessoas e empresas possam olhar para as oportunidades que existem no mercado para rentabilizar as suas poupanças, “e esses são os agentes credenciados e autorizados para lhes oferecer a melhor jornada de investimento, apresentar as melhores propostas para que todos nós possamos então rentabilizar com as nossas poupanças”.

Mas naturalmente existe uma diferença entre as correctoras e as distribuidoras, sublinhou Assis da Paixão, que é relativamente a actividade que desempenham e a forma como desempenham. Existem no processo de consultoria de investimentos e bancas de investimentos algumas limitações para ambas instituições na actuação, disse.

“Nós, enquanto correctora, podemos apoiar na preparação do prospecto, da elaboração de estudos, na avaliação global dos projectos, mas naturalmente existe aqui um factor que é muito importante, que é a garantia da operação e isso só poderá ser prestado por entidades que tenham na sua actividade gestão discricionária e que tenham também a oferta como principal actividade, que é o caso também das distribuidoras e dos bancos”, clareou.

Ainda no caso da sua organização, pode apoiar no processo todo. “Mas na altura de se fazer efectivamente a emissão e o registo do valor mobiliário, vai ser necessário aqui a parceria com uma instituição financeira bancária, para poder então fazer primeiro a guarda, o depósito e o processo de liquidação e garantia também das operações”, concluiu.

Foram ainda convidados Raúl Diniz (BODIVA), Juceline Paquete (CMC) e Celestina Neto (Áurea SDVM), num encontro moderado por Tirso Figueira.

*Com Ylson Menezes

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