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Alzira João gostaria que as pessoas se revissem no que faz

Alzira João gostaria que as pessoas se revissem no que faz
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Andrade Lino

É sangue novo no cena da arte na capital e foi tomada de assalto para participar na exposição que saúda o Dia da Mulher Africana, patente na Casa da Cultura do Rangel até 29 deste mês. Ali, onde encontramos também expostas obras de Buba Kibanga, Oksanna Dias e Joyce Jazz, Alzira João mostra pela primeira vez os seus trabalhos e gostaria que as pessoas se revissem no que faz.

O convite para a exposição “surgiu do nada” e essa surpresa deixou-a ansiosa, tendo naturalmente ficado mais calma depois se ambientar com esse “mundo novo”. Enfrentar o público foi necessário para perceber que, afinal, é aí onde quer estar.

Desde o 14 anos de idade, sensivelmente, a produzir fotografia documental, quando saía com os pais e se sentava “lá no banco de trás com um telemóvel, a reportar tudo”, e sempre gostou de fotografar a secção das frutas nos supermercados, as pessoas que passavam pela rua, Alzira encontra motivos para criar uma página de Instagram, ao ver que o aparelho já continha muitos registos.

“Tornou-se um hábito. Comecei a editar no telemóvel e continuo até hoje, porque não trabalho com câmera profissional nem computador, uso os aplicativos do telemóvel e normalmente trabalho com fotografias com um tom de cor mais escuro, verde escuro, preto e branco. Gosto de fotografar Luanda como ela é, nas paragens, pontos de venda, enfim”, contou ao ONgoma News, revelando entretanto que o interesse pela pintura, disciplina com que se apresenta na amostra, começou “quando vivia fora e ficava muito sozinha”.

No seu entender, as pessoas, quando estão sozinhas, tendem a procurar sempre um hobby. No seu caso, lia livros, mas a vontade de pintar foi surgindo por influência dos muitos documentários sobre pintura que assistia “e depois tornou-se uma terapia”, tanto é que literalmente os quadros que levou àquele espaço de cultura “são rostos, que demonstram uma emoção diferente, um ânimo”, havendo dentre eles telas que pintou quando muito para baixo, outras quando muito feliz.

Apesar de os desafios da mulher não passarem do dia para a noite, como observou a pintora, olhando aqui para o objecto da exposição, ela gostaria que as pessoas se revissem no que faz, reforçou, “porque isso acaba sendo um trabalho muito íntimo”. “Quero que as pessoas olhem para os quadros e pensem nelas mesmas, nas situações por que passam, nas suas emoções”, expressou.

Como artista e mulher na sociedade, acredita ser necesario saber lidar com os empecilhos, como situações de machismo, embora ainda nova no circuito, “porque há casos em que se encontram homens mais receptíveis, pois alguns entendem”.

“Como artista, ainda sou nova, não tive ainda muito contacto com o cenário exterior, mas ainda existem desafios. Por exemplo, eu estudei Geofísica, e sabemos que esse mundo é dominado por homens. Então, de um modo geral, a mulher tem que saber se impor, trabalhar três vezes mais para receber o reconhecimento que um homem recebe”, explicou.

Sempre fez a sua arte para ela mesma, nunca pensara em expor, sempre as tornou coisas muito privadas e teve medo de falar abertamente sobre elas. Porém, agora, a artista almeja expor mais, ter contacto com mais artistas, reconhecendo haver sempre caminho para aprender mais.

O desejo da artista visual, no entanto, é que mais pessoas tenham acesso ao seu trabalho e se revejam nas obras, sabendo que “seja lá o que for por que estejam a passar, podem sempre criar alguma coisa com as suas emoções”.

Alzira tem como exemplo Kanye West, “que cria sempre alguma coisa com a loucura na sua cabeça”,  e aconselha as pessoas a usarem o medo ou outras emoções para criarem algo positivo e lindo, para que percebam então que os momentos maus passam.

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

É sangue novo no cena da arte na capital e foi tomada de assalto para participar na exposição que saúda o Dia da Mulher Africana, patente na Casa da Cultura do Rangel até 29 deste mês. Ali, onde encontramos também expostas obras de Buba Kibanga, Oksanna Dias e Joyce Jazz, Alzira João mostra pela primeira vez os seus trabalhos e gostaria que as pessoas se revissem no que faz.

O convite para a exposição “surgiu do nada” e essa surpresa deixou-a ansiosa, tendo naturalmente ficado mais calma depois se ambientar com esse “mundo novo”. Enfrentar o público foi necessário para perceber que, afinal, é aí onde quer estar.

Desde o 14 anos de idade, sensivelmente, a produzir fotografia documental, quando saía com os pais e se sentava “lá no banco de trás com um telemóvel, a reportar tudo”, e sempre gostou de fotografar a secção das frutas nos supermercados, as pessoas que passavam pela rua, Alzira encontra motivos para criar uma página de Instagram, ao ver que o aparelho já continha muitos registos.

“Tornou-se um hábito. Comecei a editar no telemóvel e continuo até hoje, porque não trabalho com câmera profissional nem computador, uso os aplicativos do telemóvel e normalmente trabalho com fotografias com um tom de cor mais escuro, verde escuro, preto e branco. Gosto de fotografar Luanda como ela é, nas paragens, pontos de venda, enfim”, contou ao ONgoma News, revelando entretanto que o interesse pela pintura, disciplina com que se apresenta na amostra, começou “quando vivia fora e ficava muito sozinha”.

No seu entender, as pessoas, quando estão sozinhas, tendem a procurar sempre um hobby. No seu caso, lia livros, mas a vontade de pintar foi surgindo por influência dos muitos documentários sobre pintura que assistia “e depois tornou-se uma terapia”, tanto é que literalmente os quadros que levou àquele espaço de cultura “são rostos, que demonstram uma emoção diferente, um ânimo”, havendo dentre eles telas que pintou quando muito para baixo, outras quando muito feliz.

Apesar de os desafios da mulher não passarem do dia para a noite, como observou a pintora, olhando aqui para o objecto da exposição, ela gostaria que as pessoas se revissem no que faz, reforçou, “porque isso acaba sendo um trabalho muito íntimo”. “Quero que as pessoas olhem para os quadros e pensem nelas mesmas, nas situações por que passam, nas suas emoções”, expressou.

Como artista e mulher na sociedade, acredita ser necesario saber lidar com os empecilhos, como situações de machismo, embora ainda nova no circuito, “porque há casos em que se encontram homens mais receptíveis, pois alguns entendem”.

“Como artista, ainda sou nova, não tive ainda muito contacto com o cenário exterior, mas ainda existem desafios. Por exemplo, eu estudei Geofísica, e sabemos que esse mundo é dominado por homens. Então, de um modo geral, a mulher tem que saber se impor, trabalhar três vezes mais para receber o reconhecimento que um homem recebe”, explicou.

Sempre fez a sua arte para ela mesma, nunca pensara em expor, sempre as tornou coisas muito privadas e teve medo de falar abertamente sobre elas. Porém, agora, a artista almeja expor mais, ter contacto com mais artistas, reconhecendo haver sempre caminho para aprender mais.

O desejo da artista visual, no entanto, é que mais pessoas tenham acesso ao seu trabalho e se revejam nas obras, sabendo que “seja lá o que for por que estejam a passar, podem sempre criar alguma coisa com as suas emoções”.

Alzira tem como exemplo Kanye West, “que cria sempre alguma coisa com a loucura na sua cabeça”,  e aconselha as pessoas a usarem o medo ou outras emoções para criarem algo positivo e lindo, para que percebam então que os momentos maus passam.

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