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“Poucos admiram aquilo que fazemos”, lamentou artista Valeriano Kapoko

“Poucos admiram aquilo que fazemos”, lamentou artista Valeriano Kapoko
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Andrade Lino

O artista plástico Valeriano Kapoko afirmou que poucos admiram o trabalho desenvolvido pela classe a que pertence, “o que faz com que muitos artistas acabem por perder a vontade de dar continuidade aos seus projectos, pois a nossa cultura não é valorizada”.

Falando ao ONgoma News, por ocasião da exposição colectiva “Ler Saramago pela Arte”, no âmbito da 3ª edição do projecto LiterArte, que decorreu no Camões - Centro Cultural Português em Luanda, de 19 de Julho a 02 de Agosto, Valeriano explicou que essa falta de valorização alinha-se à dificuldade de se conseguir material, referindo que não se sente o devido apoio e incentivo.

“Nem sempre temos facilidade de produzir obras de arte porque o mercado muitas vezes não nos possibilita material. Falo mais do lado da pintura, cujo material é difícil de ser encontrar e é caro”, lamentou o artesão, que relevou entretanto a dificuldade de expor, sendo que, para ele, “se alguma vez o Governo pensar na criação de mais infra-estruturas ou espaços culturais, vai ser bom por causa da restrição dos espaços já existentes, onde as políticas de recepção de obras podem ser duras para alguns artistas”.

Nesse sentido, Valeriano Kapoko declarou que é difícil viver da arte porque existem pessoas que dão valor àquilo que os artistas fazem, e que duma forma ou de outra estes têm sido teimosos, porquanto muitos não possuem outra fonte de renda. “Falo por experiência própria. Vivo da arte e sei que se não fizer isso não terei outra forma de sustento”, reconheceu.

O artista, que se anuncia mais pela reciclagem, e que foi distinguido com Mensão honrosa na XVI edição da Ensa-Arte, no Palácio de Ferro, 2022, revelou por outro lado que tem sido um processo ligeiramente difícil trabalhar nos seus projectos, porque primeiramente tem que estar disposto para recolher o material e nem sempre tem transporte. “No meu dia-a-dia, aonde vou, se encontro um objecto que sirva para a técnica que uso, aproveito o material. Nem sempre são fáceis de adquirir, porque às vezes estou num lugar muito distante de casa, e se for algo muito pesado e eu não tiver transporte para me deslocar, cai aquela dificuldade de ter a obra em mão. Mas, de qualquer forma, como se diz, quem quer, vai à busca. Por isso tenho lutado sempre para fazer frente a esses obstáculos”, expressou.

Em relação à exposição, que trazia artes plásticas inspiradas na crónica “As Palavras”, de José Saramago, Kapoko confessou que não foi fácil trabalhar com “ela” por serem pensamentos de outra pessoa. Portanto, transformá-la em artes “foi muito desafiante”, mas acabou por gostar, porque a crónica deu-lhe um campo aberto para se poder expressar da melhor forma.

Ainda, contou sobre a experiência de ter usado alguns materiais peculiares para as suas criações. “Trabalho com metal, cola branca, alguns objectos aproveitados, como a palha, o pote de múcua (até mesmo o caroço)”, ressaltou, esclarecendo que tem facilidade em transformar o que se considera lixo em artes plásticas.

Fora a amostra, o entrevistado adiantou estar a trabalhar num projecto individual, sem fornecer detalhes.

Finalmente, disse que gostaria de ser visto como um grande artista a nível mundial. “Sabe-se que aqui em Angola fazer arte não é uma tarefa fácil, mas ainda assim eu gostaria de ser um espelho para o nosso país, visto que temos espaços vazios, além de que algumas obras que vemos expostas em certos locais não são de artistas natos. Então, eu gostaria de chegar a esse patamar, ao ponto de identificar a minha obra num lugar aonde for. Isso ficaria como algo histórico”, partilhou Valeriano Kapoko.

*Com Ylson Menezes

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Ruth Mungongo

Repórter

Técnica média de Comunicação Social, Ruth é estagiária no portal ONgoma News.

O artista plástico Valeriano Kapoko afirmou que poucos admiram o trabalho desenvolvido pela classe a que pertence, “o que faz com que muitos artistas acabem por perder a vontade de dar continuidade aos seus projectos, pois a nossa cultura não é valorizada”.

Falando ao ONgoma News, por ocasião da exposição colectiva “Ler Saramago pela Arte”, no âmbito da 3ª edição do projecto LiterArte, que decorreu no Camões - Centro Cultural Português em Luanda, de 19 de Julho a 02 de Agosto, Valeriano explicou que essa falta de valorização alinha-se à dificuldade de se conseguir material, referindo que não se sente o devido apoio e incentivo.

“Nem sempre temos facilidade de produzir obras de arte porque o mercado muitas vezes não nos possibilita material. Falo mais do lado da pintura, cujo material é difícil de ser encontrar e é caro”, lamentou o artesão, que relevou entretanto a dificuldade de expor, sendo que, para ele, “se alguma vez o Governo pensar na criação de mais infra-estruturas ou espaços culturais, vai ser bom por causa da restrição dos espaços já existentes, onde as políticas de recepção de obras podem ser duras para alguns artistas”.

Nesse sentido, Valeriano Kapoko declarou que é difícil viver da arte porque existem pessoas que dão valor àquilo que os artistas fazem, e que duma forma ou de outra estes têm sido teimosos, porquanto muitos não possuem outra fonte de renda. “Falo por experiência própria. Vivo da arte e sei que se não fizer isso não terei outra forma de sustento”, reconheceu.

O artista, que se anuncia mais pela reciclagem, e que foi distinguido com Mensão honrosa na XVI edição da Ensa-Arte, no Palácio de Ferro, 2022, revelou por outro lado que tem sido um processo ligeiramente difícil trabalhar nos seus projectos, porque primeiramente tem que estar disposto para recolher o material e nem sempre tem transporte. “No meu dia-a-dia, aonde vou, se encontro um objecto que sirva para a técnica que uso, aproveito o material. Nem sempre são fáceis de adquirir, porque às vezes estou num lugar muito distante de casa, e se for algo muito pesado e eu não tiver transporte para me deslocar, cai aquela dificuldade de ter a obra em mão. Mas, de qualquer forma, como se diz, quem quer, vai à busca. Por isso tenho lutado sempre para fazer frente a esses obstáculos”, expressou.

Em relação à exposição, que trazia artes plásticas inspiradas na crónica “As Palavras”, de José Saramago, Kapoko confessou que não foi fácil trabalhar com “ela” por serem pensamentos de outra pessoa. Portanto, transformá-la em artes “foi muito desafiante”, mas acabou por gostar, porque a crónica deu-lhe um campo aberto para se poder expressar da melhor forma.

Ainda, contou sobre a experiência de ter usado alguns materiais peculiares para as suas criações. “Trabalho com metal, cola branca, alguns objectos aproveitados, como a palha, o pote de múcua (até mesmo o caroço)”, ressaltou, esclarecendo que tem facilidade em transformar o que se considera lixo em artes plásticas.

Fora a amostra, o entrevistado adiantou estar a trabalhar num projecto individual, sem fornecer detalhes.

Finalmente, disse que gostaria de ser visto como um grande artista a nível mundial. “Sabe-se que aqui em Angola fazer arte não é uma tarefa fácil, mas ainda assim eu gostaria de ser um espelho para o nosso país, visto que temos espaços vazios, além de que algumas obras que vemos expostas em certos locais não são de artistas natos. Então, eu gostaria de chegar a esse patamar, ao ponto de identificar a minha obra num lugar aonde for. Isso ficaria como algo histórico”, partilhou Valeriano Kapoko.

*Com Ylson Menezes

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